Reflexão do Evangelho

A fé na ressurreição renova o compromisso com a missão

Leia a reflexão sobre Lucas 24,35-48, texto de Itacir Brassiani.

Boa leitura!

Continuamos caminhando à luz de Jesus Cristo, o santo e justo preso ilegalmente e assassinado, depois reencontrado vivo e ressuscitado pela comunidade dos discípulos. As celebrações dominicais nos ajudam a ajuntar, pouco a pouco, os fragmentos das experiências e recompor um mosaico que ilustra como Jesus ressuscitado se manifesta e onde se deixa encontrar. Mas as escrituras revelam também as dificuldades que para organizar nossa vida a partir de um Deus crucificado e assimilar as exigências que essa fé traz consigo.

É impressionante a diferença entre a atitude dos discípulos nos primeiros dias após a crucifixão e ressurreição de Jesus e nas cenas descritas pelos Atos dos Apóstolos. A cena do Evangelho de hoje ocorre depois do testemunho das mulheres e da comprovação por parte de Pedro de que a sepultura estava vazia (Lc 24,1-12); depois da manifestação de Jesus aos dois discípulos na estrada e na partilha do pão (Lc 24,13-35); e depois da aparição a Pedro (Lc 24,34). Apesar disso, a presença de Jesus os espanta, e eles têm dificuldade de acreditar.

A cruz é a verdadeira pedra na qual os discípulos tropeçam sempre de novo. Para eles, é difícil conjugar a ideia de um Deus que se caracteriza pelo poder e pelo saber com um homem que grita impotente e morre abandonado na cruz. Dizer que Jesus não é o Messias, mas um profeta fracassado, ou pensar que Jesus é mesmo o Messias, mas a cruz foi um faz de conta é uma saída fácil, mas também frágil. Ainda hoje muitos cristãos preferem um Cristo vitorioso e glorioso, e ignoram sua cruz. No máximo, aceitam que ele passou pela cruz, mas muito rapidamente, e seu sacrifício teria sido compensado pela imensa glória que depois recebeu do Pai.

A ressurreição de Jesus não pode ser vista apenas como uma espécie de prêmio que o Pai dá ao Filho obediente. E que a Igreja afirma com a fé na ressurreição de Jesus é algo bem mais sério e mais profundo que a simples ressurreição de um cadáver. Aquele que ressuscitou não é alguém que morreu com idade avançada num hospital de primeira classe, rodeado de familiares e amigos, mas Jesus de Nazaré, aquele que resgatou a dignidade dos excluídos e foi condenado injustamente por um conluio de autoridades religiosas e políticas, como vemos se repetir, com outros personagens, no Brasil e por todo este mundo de Deus. Ressuscitando Jesus, Deus confirma a validade e a justeza da causa que o levou à morte.

Diante do espanto e da perturbação dos discípulos diante da sua presença inesperada, Jesus mostra-lhes as chagas nas mãos e nos pés, e pede-lhes que as toquem. Com isso, Jesus quer sublinhar a continuidade do amor que o levou a abraçar a cruz. As feridas nas mãos e nos pés do corpo ressuscitado são o sinal eloquente de que Jesus é fiel, e se tornou nosso advogado de defesa, como diz São João. Sua ressurreição não é fruto da fantasia de um grupo de discípulos, e ele chega instaurando uma paz verdadeira.  Para evitar qualquer fantasia, Jesus pede algo para comer, recebe um peixe e o come diante dos discípulos, tão alegres quanto espantados.

Ancorado na fé em Jesus Cristo, Pedro curou e devolveu a autonomia e a dignidade a um miserável paralítico. E diante do assombro da multidão que acorria ao templo, proclama: “A fé em Jesus deu saúde perfeita a esse homem que está na presença de todos vocês”. Os cristãos dão testemunho da ressureição de Jesus à medida em que se deixam guiar pelo dinamismo que animou e deu sentido à sua vida: o amor ao próximo, o serviço solidário aos últimos. Esse é o mandamento e o testamento de Jesus, e “quem diz que conhece a Deus mas não cumpre seus mandamentos é mentiroso”, escreve o velho apóstolo João.

Na sua manifestação aos discípulos, Jesus lhes abre a inteligência, para que compreendam as escrituras. Não se trata de uma longa e completa catequese bíblica, mas de um esclarecimento sobre a imagem de Messias: seu caminho se desvia do poder e da impassibilidade, passa pela aceitação do sofrimento solidário e, em seu nome, as pessoas serão convocadas à conversão e serão perdoadas e acolhidas sem discriminação de espécie nenhuma. Não é possível adentrar no sentido da ressurreição se não nos movemos num horizonte de esperança, se não aceitamos a possibilidade de uma transformação profunda de todas as coisas, já em curso.

Jesus de Nazaré, Servidor da humanidade e Aurora da liberdade: sabemos que em ti começamos a vencer a morte nas suas expressões mais terríveis, mas temos consciência que a luta continua, e sempre renhida. Abre nossa inteligência para vivermos como ressuscitados/as, com olhos abertos às chagas das pessoas que continuam sofrendo e às iniciativas solidárias que ocorrem também fora de nossas Igrejas. Faze com que nossa esperança na ressurreição corte pela raiz as tentativas de reduzir o cristianismo a um exercício intelectual ou à aceitação de um conjunto de dogmas e preceitos, sem nenhuma ligação com a vida. Assim seja! Amém!

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