Reflexão do Evangelho

Podem cegos guiar cegos, e raposas cuidar de galinhas?

Podem cegos guiar cegos, e raposas cuidar de galinhas?

Leia a reflexão sobre Lucas 6,39-45, texto de Itacir Brassiani

Faz três anos que o presidente e seus ministros ocuparam os cargos para os quais foram eleitos ou nomeados. Os governadores dos estados da federação também tomaram posse na mesma data. Os parlamentares estaduais e federais, deputados e senadores, assumiram suas cadeiras pouco depois. No período eleitoral, a grande maioria dessa gente se apresentou como combatentes da corrupção e paladinos de uma nova política. O que restou disso, três anos depois?

Não somos juízes prontos a condenar ao fogo do inferno ou ao inferno quem quer que seja. Jesus nos adverte que, com os olhos vedados por nossos preconceitos e interesses mesquinhos, não estamos em condições de julgar ninguém. Mas, como discípulos de Jesus, pedimos ao Espírito Santo a graça de apreciar retamente todas as coisas, fatos e processos. Por isso, não podemos nos furtar à tarefa de analisar criticamente e à luz da fé os acontecimentos e ações, e de denunciar os prejuízos que eles podem trazer ao povo de Deus.

Uma série de fatos, que ocorreram ou vieram nestes três anos, sustentam a afirmação de que boa parte dos homens e mulheres que receberam o voto de um povo cansado de falcatruas não passa de gente que combateu a lama que suja os pés de alguns para esconder o lixo que deteriora irremediavelmente suas próprias palavras e projetos. Recorrendo a discursos ardilosos, criminalizaram a conduta de alguns para atrair os votos enquanto que, de modo mais que sorrateiro, afundavam na lama da corrupção e arquitetavam projetos contra o povo.

Pode um cego guiar outro cego, ou pode um corrupto combater a corrupção? Precisamos, sim, escutar e meditar o Evangelho de Jesus Cristo em chave social e profética. Leituras espiritualistas, intimistas ou moralizantes não são suficientes. Não podemos isolar e espiritualizar esta Palavra de Jesus: “Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão”. Jesus não quer aqui questionar a profecia de quem denuncia as falcatruas dos poderosos, mas alertar para a autocrítica que deve acompanhar a denúncia profética.

O próprio Jesus agiu assim, e nisso foi seguido pelos discípulos. É claro que ele não tinha cisco ou trave nos olhos, pois seu olhar estava voltado à dignidade dos pequenos, das vítimas, dos últimos na escala social. Sem medo da morte, Jesus se empenhou radicalmente no anúncio e na realização da Justiça do Reino de Deus, dando prioridade aos excluídos e criminalizados. E não mediu palavras para denunciar opressões e dar nome aos opressores. Mesmo limitados e pecadores, os discípulos não se calaram, e denunciaram os olhares enviesados das autoridades políticas e religiosas.

Voltando ao momento político que vivemos, o problema não é apenas o cisco ou a trave no olho de boa parte dos eleitos. Eles não são apenas cegos que se arvoram em guias de cegos. Há um grupo considerável que se parece a raposa que quer fazer-se passar por protetora do galinheiro. Recorreram ao voto popular apresentando-se como representantes e defensores dos mais pobres, mas tomam ou apoiam medidas que ferem e defraudam irremediavelmente as pessoas mais humildes e beneficiam os ricos e poderosos de sempre.

O tesouro do Evangelho de Jesus só contém palavras e propostas que fazem bem ao povo de Deus. Desse tesouro, não podemos tirar incitações à violência, à punição dos pobres, ao uso de armas, à exclusão das pessoas que não se enquadram nos nossos padrões. Jesus mesmo foi a pedra que os construtores rejeitaram, como o foram também seus profetas e missionários mais autênticos. Por isso, prossigamos firmes e inabaláveis, como nos pede Paulo, empenhando-nos cada vez mais na proposta do Senhor Jesus. Nosso esforço em vista da coerência profética não será em vão.

Jesus de Nazaré, vulto da misericórdia de Deus e expressão da plena humanidade: livra-nos da hipocrisia de querer acusar as injustiças praticadas pelos outros sem atentar para as nossas próprias ambivalências, ou até disfarçando-as. Mas livra-nos também de fugir da nossa responsabilidade profética em nome de convivências mesquinhas. Faze que produzamos frutos que mostrem que é em ti que estão nossas raízes! Ajuda-nos a retirar do tesouro do Reino palavras que façam bem aos nossos irmãos. Assim seja! Amém!

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