
Reflexão para o Domingo de Páscoa
Romanos 6:3-16
Celebramos hoje o centro de nossa fé, o motivo de nossa cristandade! Vivo ele está, vencedor da morte! É páscoa! Somos convidados e convidadas a aprofundar nossa compreensão da alegria da ressurreição. A periferia está em festa! O jovem periférico, o agitador da galileia não está morto! Ele Vive! Na leitura das primeiras ações da comunidade em Atos 10, 34,37-43, Pedro se dirige à multidão que pouco antes condenava Jesus, para proclamar que Ele, o ungido de Deus, pela força do Espírito Santo, ressuscitou dos mortos. Essa proclamação é uma grande esperança, pois a morte não tem a última palavra, oferecendo a todos que acreditam nEle o dom do perdão e da vida nova. O testemunho de Pedro é o retrato de uma comunidade que, alimentada pelo Pão da Vida, o próprio Jesus, pode vencer o medo, e sair para o anúncio “… nós que comemos e bebemos com Jesus depois de ressuscitar dos mortos, E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos”. (Atos 10,41-42)
O Salmo 117 (118) é um grito de alegria das comunidades, dos migrantes e excluídos “ eterna é sua misericórdia” que nos lembra que a ressurreição de Cristo transforma nossas tristezas em alegria, nossas quedas em renovação e nossos medos em confiança. A pedra angular, antes rejeitada, agora é a base de nossa fé, Jesus é a ligação do tempo passado e do novo tempo, quantas são as maravilhas feitas pelo Senhor, o Estado não tem a última palavra quando se trata do amor de Deus, as testemunhas viverão para cantar as “maravilhas do Senhor”
Na Carta de Paulo a comunidade de Colossenses 3,1-4 somos convidadas a voltar nosso olhar para as coisas do Céu, sem esquecer a nossa realidade diária, mas sim que aprendamos a viver com a certeza de que Cristo venceu a morte. Isso nos dá força para enfrentar as dificuldades e nos convida a irradiar a alegria da Páscoa em nosso redor. Uma perpétua lembrança, que não devemos ficar apenas no louvor, adoração ou devocionais sem ter os pés bem firmes na realidade de nosso povo, para alcançar o céu, precisamos ter nosso registro aqui neste chão, “Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram;” Mt, 25 35-36 a identidade do céu precede ação pastoral.
É festa meus irmãos! alegria da ressurreição é uma dádiva que não podemos guardar só para nós! Somos chamados e chamadas a compartilhá-la especialmente com aqueles que estão desanimados ou afastados da fé. Assim como Pedro proclamou que Cristo ressuscitou, nós também somos convidadas e convidados a testemunhar desta Páscoa e que renove em nós a certeza de que Cristo vive e caminha conosco.
O texto do evangelho segundo a comunidade de João 20,1-9 nos leva à manhã mais brilhante da história, o Domingo da Glória, a comemoração que coroa o Tríduo Pascal, onde lembramos a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus de Nazaré, o palestino pobre, morto pela inveja dos poderes religiosos, mas que triunfou glorioso uma data de grande significado para a fé cristã.
Naquela manhã, ainda estava escuro (Jo 21,1) Maria Madalena, uma testemunha que muito amou o Senhor, porque enfrentou e risco correu, mas ainda presa pela lembrança de encontrar o crucificado, foi ao sepulcro e descobriu que a pedra havia sido removida (Jo 20,1) viu apenas um lugar vazio, o que a surpreendeu a ponto de sair correndo, o que passou em seu mente? que lembranças vieram à tona? que plano ela estaria tramando para recuperar o corpo de Jesus? de tudo sabemos que ela correu, meditando sobre essa cena, podemos nos encontrar hoje em meio a tribulações e desespero, mas paremos por um momento e nos perguntemos: será que tudo está realmente perdido? Podemos estar nas sombras, nos sentirmos perdidos e, portanto, incapazes de encontrar uma solução para nossos problemas e dificuldades, o que nos impede de ver a esperança na ressurreição.
Maria corre para encontrar Pedro e o discípulo amado, que, impactados com o aviso, correm imediatamente para o túmulo, o discípulo amado chega primeiro e dá lugar a Pedro, que entra e testemunha que o corpo do Mestre não está lá, embora percebam que os panos de linho estão no chão.(Jo 20,6) não perceberam os sinais de que a ceia continua, a festa da vida agora tem outro sabor. Alguns exegetas comentam que o detalhe do lenço dobrado no canto seria um sinal em alusão ao costume judaico, da época, sobre o uso do guardanapo em uma refeição. Quando está jogado e amassado significa que a refeição está terminada. Quando está dobrado significa que a ceia segue. O Evangelho de João nos diz que Pedro, apesar de olhar, não consegue ver a grande ação de Deus em levantar Jesus da Morte, João também não percebe os sinais. Podemos dizer que aqui está um profundo convite à nossa fé que nos enche de esperança na ressurreição: Cristo ressuscitou e com ele a esperança em nossos corações! A proximidade com que Jesus levou o discípulo amado a ver e crer. Essa proximidade, podemos experimentá-la em encontros mais próximos com a Palavra.
Em Madalena, Pedro e João, vemos representada a aspiração da Igreja de discernir os sinais do Ressuscitado, especialmente em situações adversas ou dolorosas. Hoje somos chamadas e chamados a sermos testemunhas da ressurreição em meio ao mundo. Às vezes, podemos nos sentir como Maria Madalena, confusas, desesperançadas e com o coração turvo. Ou como Pedro, correndo sem entender completamente. Vamos nos sentir como o discípulo amado, com aquela fé que nos leva a continuar acreditando e confiando na promessa de Deus de uma nova vida.
Confessemos: Tu és o nosso Senhor ressuscitado!
Textos de apoio
At 10,34a.37-43
Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R. 24)
Cl 3,1-4 ou 1Cor 5,6b-8
Jo 20,1-9
Por Gilson Dias, Nortista, Geógrafo, educador Popular e Biblista do CEBI-Amazonas e Roberto D`Angelo, Venezuelano, Educador Popular e membro da Associação dos Venezuelanos do Amazonas – ASSOVEAM e biblista do CEBI-Amazonas
contato
cebiamazonas@cebi.org.br
@cebi.am