Reflexão do Evangelho

Mateus 21,23-32: O Caminho da Justiça

As primeiras palavras que escutamos Jesus falar no Evangelho das comunidades de Mateus são estas: “Deixa por ora, convém que se cumpra toda justiça” (3,15). Jesus as pronuncia quando, estando na fila do povo, vai a João para ser batizado. As primeiras palavras são importantes, pois apresentam a pessoa e indicam a linha principal que orienta e orienta sua vida.

Perto do final do Evangelho de Mateus a comunidade de novo associa a palavra justiça com João Batista, o último versículo da narrativa que a liturgia deste domingo nos apresenta: “João veio até vocês no caminho da justiça e vocês não acreditaram nele”.

Mais uma vez Jesus fala em parábolas e o faz depois de ter sido desafiado a respeito de sua autoridade em relação aos seus ensinamentos, suas curas, suas atitudes que não estão de acordo com as leis judaicas, através de uma pergunta. E, Jesus devolve a pergunta à qual os sumos sacerdotes e os anciãos não respondem.

Um pai tinha dois filhos, pede ao primeiro filho: “Filho, hoje vai trabalhar na vinha”. E prontamente o primeiro filho responde: Sim, senhor. Voltando-se para o pai, ele o chama de “senhor” de forma obsequiosa, o que denota falta de confiança no coração. Ele diz sim pela leveza, pelo interesse, pela arrogância, pelo orgulho, diz sim tanto, que ele cala a boca, depois faz o que quer…  Não precisa de entrar na vinha… O fato é que o filho aparentemente “obediente” não segue o convite do pai e não vai trabalhar na vinha.

A parábola diz que ao segundo filho é oferecido o mesmo convite. Não, não quero ir, não gosto, não me importo, não me interessa: é a primeira reação ao convite do pai. Uma reação de indiferença, rebeldia, rejeição. Mas aí o filho rebelde pensa de novo, reflete: quem sabe quais pensamentos em sua cabeça o levaram a meditar e mudar de ideia. Nele há uma reflexão tardia que o leva a rever o não. E então um processo de arrependimento e conversão começa nele. O fato é que ele muda de atitude: segue o convite do pai e vai trabalhar no vinhedo.

A vinha, para o povo judeu era símbolo do povo de Israel, nas palavras de Jesus se alarga incluindo o Reino que há de realizar-se entre nós: um reino de misericórdia, paz, amor fraterno, justiça, perdão. O convite do pai para trabalhar na vinha é, portanto, para que os filhos vão trabalhar para que isso se realize dando frutos.

Jesus confronta as lideranças judaicas tão relutantes e contrárias ao reconhecimento da mensagem de salvação, proclamada primeiro por João Batista (justiça) e depois pelo próprio Jesus (misericórdia). São leais na observância das leis, preceitos e orações; eles se dedicam a frequentar o templo e proclamar capítulos inteiros da Torá, mas mostram atitudes de fechamento e hostilidade em relação as necessidades do povo, às mensagens de conversão à justiça e à misericórdia difundidas primeiro por João Batista e depois pelo próprio Jesus. Eles dizem sim ao templo, às regras e preceitos, às muitas orações e sacrifícios. Eles acusam Jesus de não guardar o sábado, de perdoar os pecadores sem antes ir ao templo e fazer os sacrifícios devidos. Ouvem o convite da nova mensagem, dizem sim em palavras, mas não aceitam ir trabalhar na vinha do Reino de Deus.

O segundo filho representa aqueles entre os pecadores – publicanos e prostitutas – que sabem que cometeram erros na vida e, após uma rejeição inicial e um tempo de repensar, o processo de aproximação e conversão toma conta de seus corações, aceitam o convite para mudar de vida, experimentam o perdão e, com confiança aceitam a mão do perdão gratuito que lhes é oferecido. Demonstram a aceitação indo trabalhar na vinha do Reino de Deus para realizar o projeto proclamado por Jesus no Sermão da Montanha.

“João veio até vós no caminho da justiça, e vós não crestes nele” (21,32). A palavra justiça reaparece quase no final de nossa narrativa, mais uma vez nos lábios de Jesus e mais uma vez em relação a João Batista.

Essas duas frases abrem e fecham o discurso da nossa comunidade em relação à justiça. Mas não é apenas um discurso, é um pensamento que atravessa todo o Evangelho. É uma palavra que deve tornar-se um acontecimento, uma prática de vida que realiza o Reino, que nos permite entrar no Reino.

A justiça que deve ser feita a encontramos no Discurso da montanha. A fome e a sede, o choro, a humilhação revelam uma sociedade que gera os empobrecidos e, portanto, os injustos. Esta sociedade injusta calunia, insulta, persegue os misericordiosos, os puros de coração que não aspiram, mas estão empenhados na construção da paz, na promoção da vida (5, 3-10).

O caminho da justiça que deve ser percorrido é a prática da mensagem contida nos Discursos que formam a estrutura do Evangelho e que convidam a discernir o caminho a seguir. Discernindo o projeto do maligno que semeia as ervas daninhas no meio do trigo (13,25), os lobos entre os quais a comunidade é enviada (10,16), o servo ímpio (18,32), o mordomo mau (24,48), os arrendatários assassinos (21,39), são aqueles que têm bens e, portanto, não têm tempo para participar do banquete (22,5-6).  Finalmente, é o figo estéril que deve ser cortado, o joio que deve ser arrancado, o peixe que deve ser separado.

Os discípulos de Jesus praticam uma justiça amorosa e não legalista (5,20), uma justiça que os torna perfeitos como o Pai (6,1), aquela justiça que os faz vender tudo para buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça (6,33).

Vendendo tudo, formam comunidades que, a partir dos pequenos, vivem novas relações na economia, na política, no exercício do poder, na família, estabelecendo relações de respeito e igualdade.

Assim, com a palavra justiça, traçamos o caminho da justiça. As comunidades formadas por pessoas humildes, pobres, consideradas pequenas, entenderam que seguindo esse caminho, através de sua ação na história, realizariam as maravilhas de Deus, as maravilhas que restauram a vida.

A comunidade pratica a maior justiça ao superar a observância da Lei à risca. A justiça que torna perfeita como o Pai é perfeito são as obras que restauram a vida. A justiça que busca o Reino e sua Justiça em primeiro lugar vive vigilante porque sabe que o maligno semeia secretamente, sabe que o noivo chega de surpresa, sabe que quando o Filho do Homem voltar ele dirá: o que você fez com um desses pequeninos você fez comigo!” (25,40).

Na parábola, Jesus nos coloca a confronto com os dois grupos: aqueles que dizem “Sim, Senhor e não vão”, porque vivem uma relação de exterioridade e interesse, porque tem projetos para própria vinha e não para vinha que é o povo que é o Reino.

Aqueles que dizem ‘não vou’ assumindo o que são, mas, depois a realidade, as vezes suas próprias experiencia de perdão, os leva a refletir, pensar e, se comprometem com o Reino.

Hoje o evangelho nos interroga: em qual dos filhos nos identificamos?

Em nós, vivem os dois filhos, como eles se manifestam?

Que caminho a percorrer para se tornar o filho, a filha comprometida com o Reino?

Para continuar a reflexão:

Mt 3,15: o que significa cumprir toda a justiça?

Mt 5,6: quando temos fama e sede de justiça?

Mt 5,10: quando e por que somos perseguidos por causa da justiça?

Mt 5,20: existe uma justiça legalista e uma justiça legal? Quando acontece o primeiro e o segundo?

Mt 6,1: quando a justiça é praticada não para ser vista, mas para ser perfeita como o Pai?

Mt 6,33: quando o Reino e a Justiça estão em primeiro lugar em nossas vidas?

Mt 21,32: a afirmação de Jesus pode parecer dura: em que grupo nos encontramos?

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