Reflexão do Evangelho

Jesus de Nazaré : Nossa referência de caminhada com os pobres

Por Marcos Aurélio dos Santos

cristão evangélico e membro do Cebi RN.

 

Jesus andou por diversos lugares da Palestina, principalmente nas regiões periféricas, como a Galileia, lugar de diversidade cultural e religiosa, região habitada por gentios e judeus, um ambiente bem diferente da cidade central, Jerusalém, lugar de concentração dos poderes político, econômico, religioso e do saber. A opção de Jesus pelas partes baixas da palestina tem um profundo significado, de grande relevância em sua caminhada libertadora. Jesus inicia sua caminhada em meio a uma diversidade de povos, superando os limites de Jerusalém com seu fechamento proselitista, partindo para uma perspectiva plural e libertadora, onde se concentravam os mais pobres na palestina. Em seu livro “Proclamar Libertação”, o teólogo porto-riquenho Orlando Costas destaca a Galileia como uma região cheia de diversidade em uma mistura entre judeus e gentios.

“A Galileia era uma encruzilhada cultural. Era uma região comercialmente orientada que há longa data era habitada por gentios e judeus. Na época de Jesus, judeus viviam lado alado com os fenícios, sírios, árabes, gregos e orientais. Esta mistura étnica deu origem ao nome Galileia (literalmente, “círculo), que veio a significar “círculo de gentios”. É por isso que Isaias de Jerusalém fala de “Galileia dos gentios”. (Isaias 9. 1-12; cf. Mateus 4. 15-16). Da perspectiva de Marcos, o evangelista, a Galileia representa a base do ministério de Jesus. Mas o alvo de Jesus era confrontar os poderes centralizados em Jerusalém com a mensagem radical do Reino de Deus. Se a Galileia era o lugar dos rejeitados e marginalizados, Jerusalém representava o poder estabelecido, o julgamento e a morte. Jerusalém era não apenas o centro geográfico, mas o centro cultural, social, religioso, político e ideológico. Nas palavras de Ezequiel, Deus a colocara no centro das nações. (Ezequiel 5,5), o “centro do mundo” (Ezequiel. 38.12).”  (COSTAS, p. 102,103).

A caminhada de libertação de Jesus de Nazaré a partir da Galileia é a confirmação concreta da opção de Jesus pelos pobres. Jesus não optou por Jerusalém, não ocupou uma cadeira de poder no templo, não se aliou aos poderes dominantes que estavam centralizados naquela cidade. Ao contrário, Jesus desceu para estar junto aos excluídos/as de sua época. Jesus fez opção pela Galileia porque ali estavam muitos dos seus irmãos/ãs, vítimas da opressão do império romano e da exclusão da casta superior do judaísmo,  povo que amargava o sofrimento da exploração pós-guerra. Lá estavam os doentes, os famintos de pão, os leprosos, as crianças e mulheres pobres. Estavam também os rejeitados pela elite branca que consideravam os Galileus como inferiores, gente insignificante, sem importância para a sociedade. Estes, Jesus acolheu e amou.

A opção de Jesus pelos pobres chegou como uma afronta aos poderes centrados em Jerusalém. Logo, Jesus é considerado um inimigo perigoso, tanto para o império romano, como para a cúpula judaica. Inimigo que deveria ser detido. Jesus anuncia o reino de amor e libertação. Um reino que não é deste mundo, um reino de paz, justiça e alegria no Espírito. (Romanos. 14.17). A partir da Galileia, com os pobres, Jesus anuncia as boas novas de alegria aos cansados, aos oprimidos e excluídos. As Boas Novas do reino de Deus não era uma proposta para o futuro, mas no aqui e agora, profundamente ligada ao contexto do tempo presente dos judeus e gentios, que habitavam na Galileia. Não era um reino firmado em hierarquias de poder, ostentação e dominação, mas de comunidade e partilha entre os pobres (Mateus. 5: 3). Aos que estavam na Galileia, é chegado o reino de amor libertador, que revigora as forças dos cansados e renova a esperança dos que lutam por um mundo melhor (Mateus. 11.29).

Hoje vivemos rodeados de Galileias. Elas estão em diversos lugares da nossa cidade, seja na área urbana, ou rural. Ao exemplo da época de Jesus, muitos vivem sob exclusão, resultado de um sistema capitalista, de viés neoliberal controlado por um sistema opressor que busca manter os pobres sob dominação, impedindo-os de lutar por sua dignidade e libertação. A galileia de hoje são as periferias, as comunidades rurais, ribeirinhas, lugares onde encontramos gente com fome de pão, desprovidos de suas necessidades básicas, desempregados, gente sem teto e sem-terra, gente que dorme em calçadas ou debaixo de viadutos, gente que dorme sem jantar, sem saber se vai tomar o café da manhã no dia seguinte, gente que morre em meio aos confrontos armados nas favelas, gente que morre esperando na fila do SUS.  Essa é a Galileia de hoje.

Por isso urge perguntar. Em que lugar está situada a nossa missão cristã? Por onde estamos caminhando? Estamos agindo diante dos poderes de opressão que esmagam sem dó os pobres? Temos feito opção pelo seguimento do Jesus de Nazaré que caminha com os pobres?

 

Que a Galileia seja o nosso lugar de ação, utopias e libertação, hoje e sempre.

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