Reflexão do Evangelho

Celebração da Ascensão

Apresentação:

Rodrigo Gonçalves de Souza. 42 anos. Mineiro residente em Goiânia. Agrônomo e geógrafo. Vivo com minha cadela Weil. Orientei minha atuação socioprofissional para o campesinato, agricultura familiar, justiça ambiental, agroecologia. Sou membro da Paróquia São Felipe, Diocese de Brasília, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.

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Lucas 24,44-53.

Domingo de Ascenção. Uma celebrativa especial no calendário após a Páscoa. E as leituras deste presente domingo, com maior vulto a do Evangelho Segundo Lucas, dão brilho a esta importância. E o autor sublinha como a Ascenção é um símbolo-chave para a missão cristã. Antes, no Evangelho no que para as edições são capítulo 9, verso 51, se menciona “os dias da sua Ascensão”, indicando-a como era vista de maneira iluminadora para a compreensão do significado da missão de Jesus. Por isto ela faz a ponte que une os dois tomos de livros, o epílogo do Evangelho e o prefácio de Atos dos Apóstolos, ligando a obra do ministério de Jesus e a continuação, com seus seguidores, através do Espírito de Deus.

A forma como Lucas trabalhou o cenário da narrativa, com similaridades do contexto cultural e os contrastes, não teria passado despercebida para sua audiência mais imediata. Esta relação similaridade/contraste proporciona fortes sugestionamentos. Na cultura espiritual greco-romana, há várias tradições de figuras que foram elevadas ao céu, como Rômulo, o lendário fundador de Roma, o herói-divinizado Hércules, o imperador Augusto, os deuses Dionísio e sua mãe Cibele, levados embora do Hades. Nas tradições judaicas, há as figuras que na época tinham grande vulto no imaginário, como Enoque, Elias, havendo também tradições nas quais o profeta Eliseu foi levado ao céu, nas quais Moisés não tinha morrido de fato, mas ascendido.  Mas nas tradições greco-romanas, ou se trata de figuras imateriais, não físicas, ou que estavam mortas e ascenderam espiritualmente (muitas vezes se representando com a fumaça na pia funerária). Nas tradições judaicas, as pessoas que foram arrebatadas para não experimentaram a morte.

Na narrativa do Evangelho, Lucas escreve “depois, disse-lhes”, ligando o evento com as narrativas das aparições corporais de Jesus Ressuscitado aos discípulos, frisando que não era um ser imaterial, fantasmagórico, possível de ser tocado e sentido. Além do mais, estreitamente vinculado à sua Paixão e Morte na Cruz. Também vinculado às memórias culturais que inspiravam os afetos e esperanças mais íntimas dos discípulos e discípulas, lhes dando novos significados à luz de todo aquele contexto. Tudo isto combinado deveria alimentar a proclamação das boas novas de que na crucificação e ressurreição de Jesus, o Criador estava reconciliando a humanidade, perdoando de tudo o que quebra o vínculo e desfigura a imagem e semelhança e rompendo as barreiras que dividem e desunem, na criação de uma nova humanidade. Frequentemente ocorre uma perda do sentido maior da esperança cristã em relação ao porvir. Realça-se no imaginário e nos discursos uma perspectiva individualista e dicotômica, concentrando-se na ideia da “alma ir para o céu” depois da morte. Mas esta não é a ênfase cristã propriamente. O anelo maior é mais coletivo e mais cósmico. A esperança com as boas novas é da ressurreição em uma nova corporeidade para uma criação renovada em presença plena diante da Fonte da Vida e da Existência.

A exaltação de Jesus assim não é uma despedida. É uma continuação. Os “Céus” eram uma representação muito útil a guardar a reverência ao Sagrado, evitando vulgarizar o nome de Deus de forma a instrumentaliza-lo e usá-lo como coringa para as conveniências pessoais. Por isso a expressão “Reino dos Céus”. A mensagem de Lucas não é que Jesus disparou como foguete pelo espaço. Mas mostrar que Jesus, que comeu com as pessoas, ensinou, curou, restaurou, corrigiu, desafiou, foi crucificado, morto, sepultado, ressuscitado por Deus, participa da esfera de existência especial e singular de Deus, que ultrapassa nossa existência nesta realidade. Jesus não era fantasma, uma alma penada, mas também não era um cadáver reanimado nem um morto-vivo que teve as feridas mortais restauradas. É aquele que inaugurou o auge do propósito da existência, a União da Terra e do Céu, de Deus e da Criação. A Ascenção nos lembra que Jesus é o Alfa e o Ômega, o A e o Z.

E assim as pessoas que foram por ele enviadas podiam confiar que receberiam uma força capacitadora que vai muito além das inspirações vindas de fortes memórias. Efetivamente o Criador dos Céus e da Terra, a Fonte de Vida, habitaria neles e nelas, estaria com eles e elas. A exaltação de Jesus significaria para aquelas pessoas, e pode significar para nós, através da fé, do laço de lealdade, que Deus, mesmo quando está velado da realidade imediata que estejamos experimentando, não está apartado, sisudo, apontando. Mas provê a Força que dá fôlego para passar pelos desafios, estigmas, perseguições, medos, uma força que vem de antes, vem de além e permanecerá para depois desta era.

A Ascenção é o símbolo que testemunha a respeito de quem não está morto, não está escondido em algum canto, mas acompanha em toda parte, caminha junto e está dentro de cada um e cada uma. E assim também, Deus não é um ser distante que não podemos ter uma relação afetuosa, terna, que é inconcebível ser imaginado como companheiro. O Pai Maternal compartilha a sua realidade mais íntima com aquele que é nosso Mediador, que, em Jesus, faz refeições conosco, nos leva para orar na intimidade dos lugares silenciosos, que vai confraterniza conosco em festa, que escuta nosso choro, que experimentou fome, cansaço, decepção, desilusão, solidão, sofrimentos físicos, injustiça, até mesmo a morte, bem como amizades, partilhas, muitas alegrias e paz de espírito. E Jesus não deixou tudo isso para trás, mas carrega consigo, vivo, na Eternidade. Nele, o acesso a Deus está aberto e Deus abre seu acesso a nós, enviando seu Espírito. Deus Encarnou. A Humanidade Ascendeu. E a Criação aguarda a Parusia para a união final e plena com a Fonte Viva que a concebeu.

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