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Israel nasceu negro e negra

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A questão da presença negra na Bíblia e na constituição do Povo de Israel não se resume apenas a detectar uma ou outra personagem negra que, em um certo momento, passou a fazer parte das Tribos de Israel, como é possível fazer. A questão fica mais complexa, e muito mais interessante, quando percebemos que famílias negras inteiras e clãs negros inteiros se aliaram para formar o que chamamos de “o Israel bíblico”. O melhor de tudo isso é que podemos garimpar essas informações no próprio texto da Bíblia.

Israel nasceu negro e negra

A Leitura Étnica da Bíblia não é uma teorização, mas uma encarnação. Uma encarnação que se faz na organização do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa (21 de janeiro), uma encarnação vivida na parceria entre cristãos/ãs, umbandistas, candomblecistas e tradições religiosas indígenas, entre outras, e em vários espaços como na Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (COPPIR).

Tornamos nossa leitura bíblica mais étnica quando nos encarnamos nos cordões de reisado e nos quilombos urbanos de maracatu. Tal encarnação ajudou o Maracatu Solar, de Descartes Gadelha e Pingo de Fortaleza, a nos reconhecer como iguais, como maracatuzeiras e maracatuzeiros, dando-nos a honra de sermos guardiões do Opaxorô de Oxalá, bem como da bonequinha negra Calunga, entidade que une o mundo dos vivos ao mundo dos ancestrais, o presente ao passado, o continente africano ao ameríndio.

Foi dessa encarnação que nasceu este caderninho, que agora compartilhamos, o qual utilizamos nas oficinas de Bíblia e Negritude realizadas no nosso querido Ceará, chamado de Terra da Luz por José do Patrocínio, pelo fato de o nosso estado ter sido o primeiro a abolir a escravidão negra (1884), antes mesmo da Lei Áurea (1888).

Em cada proposta de encontro, fizemos questão de transcrever trechos do texto bíblico para que ninguém fique sem visualizá-lo. No entanto, isso não tira a importância de ler diretamente na Bíblia as passagens sugeridas. Aconselhamos também, para um maior aprofundamento teórico, que os facilitadores e facilitadoras adquiram, na medida do possível, a bibliografia recomendada ao final de cada encontro.

Por fim, desejamos que este caderninho desperte seu interesse em uma prática militante, na qual você possa viver esta experiência de encarnar a Leitura Étnica da Bíblia nos movimentos culturais, religiosos e políticos que acontecem aí na sua cidade.

 

Editora: CEBI
Número de páginas: 48
Ano: 2017

Autoria

Elaine Vigianni Oliveira Teixeira é nascida e criada em Fortaleza/CE. Foi militante da Pastoral da Juventude e está no CEBI-CE desde 2000, onde atua como assessora. Atualmente trabalha na UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – como servidora pública. É mãe, esposa e filha, maracatuzeira, de esquerda e feminista.

João Jairo Oliveira de Carvalho é de Fortaleza/CE, militante do CEBI, com especialização em Assessoria Bíblica pelo curso Dabar (parceria EST-CEBI). Ex-militante da PJ, é licenciado em Física, possuindo especialização em Física e em Filosofia. Macatuzeiro, Brincante de Reisado e compositor de músicas populares. É marido, Pai e Avô.

 

Informação adicional

Peso 90 g
Dimensões 21 × 15,5 × 2 cm