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Quem ganha com a alienação política dos brasileiros?

Quem ganha com a alienação política dos brasileiros?
Por Marino Boeira

Você anda preocupado com o grau de alienação política do povo brasileiro? As últimas eleições fizeram com que você pensasse em ir embora do País? Não vai adiantar muito. Parece que o mundo inteiro está caminhando para uma perigosa posição de indiferença política.

Antes ainda havia um certo pudor em assumir essas posições de absoluta indiferença pelas ideologias.

Hoje, isso é proclamado abertamente.

Veja a eleição de Trump nos Estados Unidos.

Claro que você se sabe que essa alienação é produzida pelos meios de comunicação para atender os interesses da classe dominante e que no final é também uma forma de ideologia.

Compare o golpe de 64 e o de 2016.

No primeiro havia um forte confronto ideológico entre esquerda e direita.

Para apoiar o golpe militar, foi preciso mobilizar a opinião pública contra um inimigo, na época o comunismo.

Embora já houvesse uma boa dose de moralismo no lema dos golpistas – contra a corrupção e a subversão – o que predominavam eram argumentos políticos.

A elite da sociedade civil, apoiada pelos militares, defendia a democracia representativa, que ela dizia ameaçada por uma "república sindicalista popular".

A imprensa chamava o golpe de democracia.

Em 2016, os argumentos políticos desapareceram na justificativa do golpe parlamentar.

O problema era apenas moral, combater a corrupção.

A questão que aqui se pretende debater é como o Brasil chegou a situação que vive hoje.

Certamente muitos são os fatores.

O que vai tentar se destacar a partir de agora é como se moldou, e está se moldando, o pensamento de importantes segmentos da população, que poderiam, teoricamente, representar o setor politicamente mais avançado da sociedade, mas que hoje representam uma nova e perigosa face do conservadorismo.

Falamos a população de evangélicos que hoje representam mais de 40 milhões de brasileiros e, mais especificamente, daqueles reunidos nas igrejas pentecostais, deixando de lado nessa análise igrejas tradicionais, como a Luterana, a Batista e a Episcopal.

A eleição do senador Marcelo Crivella, dublê de pastor e cantor de música gospel, para prefeito do Rio de Janeiro é um sinal de que os evangélicos estão se tornando uma nova e extraordinária força política no cenário brasileiro.

Embora nominalmente tenha sido eleito pela legenda do Partido Republicano Brasileiro e apoiado no segundo turno pelo PSDB e PMDB, sua grande força eleitoral veio do voto evangélico.

Hoje este segmento é representado na Câmara Federal por uma bancada (um dos seus principais líderes, Eduardo Cunha, está na prisão) de 92 deputados que vota unida, acima dos partidos, como se viu quando votou em bloco pelo impeachment da Presidente Dilma.

Em questões práticas que dizem respeito as suas igrejas, os deputados evangélicos estão sempre solidários, principalmente quando se trata de isentá-las de qualquer tipo de imposto.

O procurador Delton Dallagnol, que cumpre funções nitidamente políticas quando atua como o representante mais destacado dos procuradores da Lava Jato, já foi mostrado mais de uma vez como um pregador evangélico em igreja do Rio de Janeiro.

O que ainda parecia frear a conquista de posições políticas em nome do pensamento evangélico, era uma certa guerra de interesses entre os líderes das principais igrejas: Edir Macedo, da Universal do Reino de Deus; Romildo Ribeiro Soares, da Internacional da Graça de Deus; Valdomiro Santos, da Igreja Mundial do Poder de Deus; Estevan Hernandes Filho e sua mulher a Bispa Sônia, da Renascer em Cristo (aquela do jogador Kaká) e Silas Malafaia, da Vitória em Cristo, um segmento da Assembleia de Deus.

A eleição de Crivella parece ter marcado o fim, ou pelo menos representado uma pausa na disputa entre os pastores, o que levou o "capo entre os capos, Edir Macedo, afirmar que a meta é ter um dia, um pastor Presidente da República "para defender a igreja e seus fiéis".

Enquanto isso, montada numa estrutura capitalista, onde a busca da fé é apoiada conceitualmente na conquista da riqueza – muito para os pastores e a promessa de, ao menos um pouco para os fiéis – essas igrejas avançam com rapidez, tomando o público principalmente da Igreja Católica.

Segundo a revista Forbes, Edir Macedo, o dono da Rede Record, que responde processo por falsidade ideológica e formação de quadrilha no Brasil e nos Estados Unidos, é um dos homens mais ricos do país, com uma fortuna de mais de 2 bilhões de reais.

A mesma fonte coloca os outros quatro líderes religiosos já citados, com fortunas acumuladas bem menores, todas acima de 100 milhões de reais, o que pode ser pouco em relação a Edir Macedo, mas é muito em relação a grande maioria dos seus fiéis.

Caso alguém tenha interesse em saber como esses pastores construíram templos gigantescos e conseguem arrebanhar milhares de fiéis para suas prédicas, basta acompanhar um programa na televisão de Romildo Ribeiro Soares, que se apresenta como o Missionário R.R.Soares, em horários comprados em canais abertos da televisão.

O Missionário que tem hoje mais 5 mil igrejas espalhadas pelo mundo, e para cuidar do seu rebanho ganhou do Ministro José Serra um passaporte diplomático para ele e a mulher (ela é irmão do Edir Macedo). É um homem agradecido aos que lhe ajudam. Recentemente (obviamente antes que ele fosse preso) levou ao seu programa Eduardo Cunha para agradecer o empenho do então presidente da Câmara no perdão conseguido para uma dívida fiscal da igreja.

Diariamente, R.R. Soares  dá uma aula do que precisa ser feito para a conquista de corações e mentes dos fiéis e é claro também seus bolsos

O ponto alto da sua prédica é quando, com sua voz aveludada e um sorriso sempre no rosto, ele passa da leitura do último salmo da bíblia para a apresentação de um boleto bancário, onde os "patrocinadores" (eufemismo para os contribuintesl) devem preencher nome, CPF e valor da cota, sempre múltipla de 100 reais.  

Antes da oração final, ainda sobra um tempinho para um aviso aos desatentos: esquecer o pagamento pode significar a perda do grande prêmio, o céu depois da morte.

Talvez os fiéis não conquistem o reino dos céus, mas seus pastores, cada vez mais ricos, caminham para a conquistas de grandes glórias terrenas na área política.

 Isso tudo seria apenas uma escolha religiosa das pessoas, um direito que felizmente a constituição assegura a todos, se por trás dessa opção não houvesse um processo acentuado de despolitização dos fiéis.

Na idealização da relação entre os pastores e suas ovelhas está implícita a ideia de que cabe às mentes esclarecidas dos primeiros as decisões políticas e, às segundas, a obediência e o pagamento do dízimo.

A pobreza extrema de boa parte da população não nasce de causas sociais objetivas, mas das artes do demônio e que por isso mesmo deve ser combatida com orações e não com participação política.

Em vez da justa revolta contra a exploração do homem, se prega a aceitação dessa exploração como um testemunho de fé, a ser recompensado em outra vida.

O perigo vem do céu, na voz dos pastores que dizem falar em nome dele.

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