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O sinal do Emanuel

Reflexão do evangelho por Marcel Domergue.

Neste tempo, a Igreja está voltada para Aquele que vem: a Liturgia da Palavra mostra a sua adesão ao “Sinal do Emanuel”. Ela acolhe este “Deus conosco” como o Sinal da Liturgia. Que ela, assim como José, saiba recolher-se “em segredo”, quando necessário. E ser jovem, portadora da paz e simples como Maria, levando dentro de si o Filho de Deus!

A reflexão é de Marcel Domergue (+1922-2015), sacerdote jesuíta francês, publicada no sítio Croire, comentando as leituras do 4º Domingo do Advento, do Ciclo A (18 de Dezembro de 2016). A tradução é de Francisco O. Lara, João Bosco Lara e José J. Lara.

Eis o texto.

Referências bíblicas

1ª leitura: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho” (Isaías 7,10-14)
Salmo: Sl 23(24) – R/ O rei da glória é o Senhor onipotente; abri as portas para que ele possa entrar!
2ª leitura: “Descendente de David segundo a carne, autenticado como Filho de Deus” (Romanos 1,1-7)
Evangelho: Jesus nascerá de Maria, prometida em casamento a José, filho de Davi. (Mateus 1,18-24)

O anúncio feito a José

Até aqui, temos falado, sobretudo, da vinda permanente de Cristo em nossas vidas: uma vinda secreta, perceptível somente pela fé. Falamos também da «volta» do Cristo, da sua vinda última, no final dos tempos. Mas é oportuno falar do seu nascimento em Belém, pois já iremos celebrar o Natal. Podemos dizer que, apesar das diferenças e com as devidas precauções, este nascimento é como a sua «vinda à visibilidade».

Com efeito, Deus está presente na humanidade desde as origens desta, pois foi Deus quem criou o homem à sua imagem e semelhança. Dizemos que Cristo, em quem tudo foi criado (Colossenses 1,15-17), está em ação desde sempre no universo e na vida dos homens. Esta presença criadora encontra o seu cumprimento e a sua manifestação nesta criança, que, no evangelho, Mateus primeiro chama de Jesus e, depois, de «Deus conosco», remetendo-nos à primeira leitura.

Daí em diante, o invisível de Deus torna-se visível para nós, ao mesmo tempo em que a humanidade, imagem e semelhança de Deus, alcança a sua perfeição, a sua plenitude. Ver Jesus e ouvi-lo é ver e ouvir a Deus. Os relatos evangélicos, seja qual for sua fidelidade material aos acontecimentos, nos trazem a verdade profunda de Jesus, que recebemos na medida em que estamos em condição de recebê-la.

Estes relatos são o caminho seguro pelo qual o Cristo vem a nós, hoje, e pelo qual podemos nos encontrar com Ele. É neste espírito que devemos ler o relato da «anunciação» feita a José. Em Mateus, José ocupa o lugar central, contrariamente à versão de Lucas, no qual ele se mantém à sombra de Maria. Mas também ali Maria está no centro, pois é em função de sua maternidade que José deverá tomar suas decisões.

José despossuído

Despossuído da sua paternidade, José nos delineia, com as diferenças que se impõem, o percurso proposto para todo homem. Lembremos o paralelo entre o tema da maternidade virginal e as palavras atribuídas a Eva, quando do nascimento do seu primeiro filho, em Gênesis 4,1: “Adquiri um homem com a ajuda de Yahweh.”

Adão é o grande ausente deste texto, o que deixou muitos comentaristas indignados: uma criança ter vindo somente da mãe e de Deus! Da mesma forma, em Gênesis 3,20, é somente a mulher que está do lado da vida, e recebe por isso o nome de Eva, a vivente. Nos versículos precedentes, Adão está arrolado do lado da morte: “Tu és pó e ao pó tornarás.” Eis aí, agora, José, despossuído como todo pai, de sua relação com a vida.

Maria também deverá tomar este mesmo caminho; será despossuída. Até mesmo o Pai, de quem decorre toda paternidade (Efésios 3,5), também Ele despossuiu-se de seu Filho, em nosso favor. Trata-se, portanto, de uma lei universal, enraizada na natureza do próprio Deus. A Trindade é isto.

Então, quando dizemos ‘meu’ filho, ‘minha’ filha, ‘minha’ criança, não tomemos este possessivo ao pé da letra: a criança pertence aos outros, a um Outro. O que também se verifica, mas em outro grau, em tudo o que produzimos: “Todas as nossas obras, tu as realizas para nós” (Isaías 26,12). E este “para nós” pode ser traduzido como “conosco” ou “por nós”.

José em ação

Mais uma vez, nos encontramos diante da lógica da Aliança: o todo de Deus (se assim podemos dizer) investiu-se, encarnou-se no todo do homem. José vai tomar por esposa a esposa de Deus. Não se trata de uma Aliança formulada em termos jurídicos, como a do Sinai, mas de uma Aliança inscrita na natureza das coisas e no jogo das relações dos homens entre si, eco elas mesmas das relações trinitárias.

As Alianças concluídas com Israel são disso apenas o sinal revelador. Em virtude da lógica da Aliança, José vai tomar decisões humanas que serão ao mesmo tempo decisões divinas: receber Maria como esposa e dar um nome ao menino. Nome que o despossuirá, pois este menino não será nem para José e nem somente para Maria, mas para a salvação de todo o povo. Jesus, com efeito, significa “o Senhor salva”.

Ora, depois de ter dado o nome de Jesus, no versículo 21, eis que o versículo 22 nomeia o menino como Emanuel, ou seja, “Deus conosco”. A princípio, porque Mateus semeia o seu relato de citações bíblicas e quer fazer uma homenagem a Isaías 7,14, texto do qual o nascimento de Jesus parece-lhe ser o cumprimento.

Este “Deus conosco”, posto logo no início do evangelho de Mateus estará de volta no final: “Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” Está, pois, assim, o primeiro evangelho enquadrado por esta revelação da habitação divina na humanidade. Jesus que habita a casa de José.

A vida vem de Deus

O primeiro anúncio evangélico foi a ressurreição daquele que fora crucificado. A partir daí foram se constituindo as comunidades dos crentes. Só mais tarde se começou a levar em conta a sua vida e suas palavras, remontando-se até ao seu nascimento. Aquele que terminou sua permanência entre nós, fazendo surgir vida onde só reinava a morte, será que poderia ter vindo à vida de um modo que não fosse nascendo onde a vida se encontrava naturalmente impossível?

Deixar de lado a sexualidade no relato do nascimento de Jesus não significa nenhum desprezo pela relação sexual, como se nela houvesse uma conivência com o pecado. Muitas gerações de cristãos ligaram a castidade com a «pureza», a perfeição, a inocência. Na realidade, a virgindade de Maria significa que o simples funcionamento da natureza não pode fazer vir ao mundo o Filho de Deus.

A humanidade sozinha não pode por si mesma produzir Aquele que a fez vencer a morte. A vida eterna é de Deus, tão somente. O tema do nascimento virginal de Cristo, aliás, é resultado de uma série escriturística de nascimentos a princípio impossíveis, como por exemplo, os de Sansão, de Isaac, de Samuel.

A propósito de Isaac, notemos que Paulo, em Romanos 4,17-25, liga o seu nascimento “milagroso” à fé de seu pai, Abraão, na Ressurreição. Guardemos que Deus fez surgir a vida onde a vida não é possível, atendo-nos ao funcionamento normal da criação. Notemos, no entanto, que todo nascimento tem algo a ver com Deus: refletindo mais, o admirável é que alguma coisa exista (o universo) ao invés do nada… E que estejamos aqui, vivos.

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