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Número de moradores de rua com curso superior cresce 75% em 1 ano no RJ

No Centro, área de maior concentração, muitos deles dormem por ali para ficar perto do trabalho, sem gastar passagem ou aluguel.

No período de 2015 a 2016, o número de moradores de rua com ensino superior completo aumentou de 40 para 70, representando um crescimento de 75%, de acordo com dados estatísticos do Programa de Apoio e Inclusão Social à População de Rua. O estudo é da Prefeitura do Rio.

No Centro, área de maior concentração de moradores em situação de rua, muitos deles dormem por ali para ficar perto do trabalho. Sem dinheiro para passagem e aluguel, acordam bem cedo e se arrumam debaixo de marquises, como a do prédio da Defensoria Pública, e em becos.

“Conheço engenheiros, ex-gerentes financeiros de multinacional, advogados. Muitos morando na rua. E não por causa de droga. Uns usam droga, mas para muitos o motivo é outro. É o pessoal que está aí por causa da vida mesmo, da crise”, disse ao G1 um morador de rua.

Ele pediu para ter a imagem preservada para manter a possibilidade de voltar ao mercado de trabalho. Com curso superior e experiência no mercado marítimo em empresas de offshore – termo da língua inglesa que significa “afastado da costa”, ou o trabalho embarcado –, ele conta que a crise financeira que atingiu o mercado levou ele e outros profissionais com curso superior completo a morar nas ruas do Rio.

Número triplica de 2013 para 2016

Índices do levantamento mostram ainda que o número total de moradores de rua vem aumentando ano a ano: saltou de 5.580, em 2013, para quase 15 mil em 2016. Praticamente triplicou em três anos.

O morador aposta no fim da corrupção e na reativação da economia para voltar ao mercado de trabalho.

“Solução é difícil, mas é tentar formas de reativar a economia a qualquer custo para o pessoal voltar, inclusive eu, para o mercado de trabalho. Não vão conseguir debelar essa corrupção totalmente, mas, pelo menos, não chega aos níveis em que estava no último governo. É preciso que o contexto do Brasil melhore.”

O taxista Jorge Claudio Guilhermino trabalha ao lado das sedes da Defensoria Pública e do Ministério Público. Ele diz observar o comportamento dos moradores de rua há, pelo menos, dois anos. Segundo ele, muitos acordam cedo para ir trabalhar.

“Muitos deles trabalham. Por volta das 5h30 da manhã eles pegam suas mochilas e vão para o trabalho. Há quase dois anos que venho observando. E vem aumentando gradativamente o número de moradores de rua”, comenta o taxista.

Guilermino conta ainda que muitos moradores procuram os taxistas para desabafar e contar os motivos pelos quais foram parar na rua. “Pela conversa, muitos têm o grau de cultura bem elevado”, diz.

De acordo com a prefeitura, a cidade do Rio tem, atualmente, 38 abrigos próprios, 22 conveniados e dois Hotéis Acolhedores, destinados a quem quer apenas pernoitar. Com o aumento da população de rua, as 2.177 vagas disponíveis não são suficientes para atender quase 15 mil pessoas. 

Café da manhã solidário

Uma das iniciativas para atender os moradores de rua é o Projeto Voar, feito por voluntários de diversas frentes religiosas, que se reúnem uma vez por semana para oferecer a primeira refeição do dia aos moradores de rua.

Em uma praça no Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, voluntários levam sucos, café, sanduíche e roupas. Em filas organizadas, essa população é alimentada e ainda ouve palavras de incentivo durante a ação solidária do grupo. Segundo o advogado e voluntário Chrisóstomo Telésforo, muitos possuem empregos e estão na rua de forma transitória.

Pedido por doações

Os voluntários do Projeto Voar contam ainda que o alimento oferecido gratuitamente não é suficiente para alimentar toda a população de rua.

“O grupo se esforça muito para fazer o trabalho. Mas aumentou muito a população de rua. Nós atendemos mais de 300 moradores. O café consiste em frutas, café com leite, chocolate, água, suco e sanduíche. Fazemos isso com muito sacrifício. O que a gente pede é que venham até a gente trazendo sua contribuição”, diz uma voluntária.

Chrisóstomo Telésforo diz que conhece gente que conseguiu arrumar um emprego, como, por exemplo, cozinheiro e segurança, e pôde sair das ruas.

“Muitas pessoas estão na rua e querem sair. Eles usam a rua como forma transitória. Assim que eles arrumam esses empregos com carteira assinada, eles conseguem, em pouco mais de um mês, dormir em um alojamento. Ou arrumam um lugar para ficar”, diz o advogado.

O pintor Luiz Cláudio Nascimento, de 46 anos, veio de Minas Gerais para o Rio com o sonho de trabalhar na construção civil no estado. Segundo ele, tem dia que não é possível ir trabalhar por falta de dinheiro.

“Eu trabalho, sou pintor de parede. Às vezes não é possível ir trabalhar por não ter como comprar a passagem. Banho, por exemplo, é muito difícil. Eu tomo banho no meu trabalho. É muito difícil ficar na rua. Eu estou só esperando juntar meu dinheirinho para ir embora”, conta Luiz Cláudio.

O idoso Waldecir Pereira é morador de rua e também ajuda o grupo com trabalho voluntário. Para ele, quem mora na rua só não se alimenta e não trabalha se quiser.

“Quem tá na rua e disser que passa fome é mentira. Só se não correr atrás de nada mesmo. Se não trabalhar e não correr atrás, aí passa fome. Até trabalho tem. Cata lata, cata papelão, alguma coisa a pessoa tem que fazer para poder se manter na rua.”

Fonte: Por Bruno Albernaz, G1 Rio, 10/04/2017.

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