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Os defensores do impeachment são brancos

Os defensores do impeachment são brancos
A população negra não foi aos atos de 15 de março. Entre os cerca de 1 milhão de manifestantes — segundo a PM, ou 210 mil, segundo o Datafolha — na avenida Paulista, em São Paulo, e os seis mil, na orla da Barra, em Salvador, havia pouquíssimos negros. Considerando que a grande maioria (76,3%) da população da Bahia é negra e que o estado de São Paulo concentra 34, 6% de negros, as manifestações contra a presidente Dilma não foram representativas. A explicação é evidente: as políticas associadas especificamente a essa parte de brasileiros — 51% da população do país — não estavam sequer consideradas.

“O principal objetivo das manifestações do dia 15 de março não contempla os anseios da comunidade negra”, explica o sociólogo Marcelo Arouca, 34 anos, um dos fundadores do Núcleo de Estudantes Negros da Universidade Federal da Bahia. A pouca presença de negros nos protestos de domingo evidencia algo ainda mais grave. O que uniu tanta gente nas ruas é também reação às conquistas do movimento negro nos últimos 10 anos, como direitos trabalhistas das domésticas e adoção de cotas em universidades federais.

“Essas políticas incomodam a elite branca. Os mesmos que estiveram reivindicando hoje são aqueles que enriqueceram à custa da escravidão negra e que não se conformam com o mínimo de reparação do Estado”, avalia Arouca.Para minimizar o desequilíbrio representativo entre os manifestantes de domingo, organizadores fizeram questão de posicionar os poucos negros que participaram do ato em destaque.
          
Seria uma forma de tentar maquiar o que ficou explícito: a demanda por combater a corrupção é uma pauta comum a qualquer um, mas não reflete os anseios das parcelas mais reprimidas e desfavorecidas da sociedade brasileira. Essas demandas continuarão fora da pauta se depender da motivação daqueles que protestaram neste domingo.

“Como a população negra teve acesso aos bens de consumo, a elite — que sempre teve privilégios — reclamou o posto de elite”, afirma Jorge X, militante do movimento negro da Bahia e servidor da defensoria pública do estado. “Por outro lado, o que mais me espanta é que a vida é o bem mais precioso que existe. Mesmo assim, essas pessoas nunca foram às ruas para se manifestar pelo direito à vida”, completa Jorge, que é contra a corrupção e crítico ao governo atual. “Porque a vida ceifada, em sua grande maioria, é da população negra,o que não sensibiliza.”

A dívida do Brasil com a comunidade negra ainda não começou a ser reparada. Seguiu como perseguição durante a ditadura e persiste na prática violenta contra os jovens negros, cerca de 70% das vítimas de homicídios no país. Prova disso é o relatório divulgado pela Comissão Estadual da Verdade de São Paulo na última quinta-feira, 12/03, que é taxativo: “A população pobre e negra é atingida até os dias de hoje com práticas instauradas no período da ditadura.” A CEV Rubens Paiva recomenda que “o Estado brasileiro reconheça e peça desculpas pela perseguição à população negra, não somente durante o período da ditadura no país, quanto pelos anos de escravidão e opressão até os dias atuais; que o Estado reconheça as práticas abusivas contra negros e as reprima como forma de garantia da igualdade e da democracia; que seja valorizada a memória da resistência da população negra contra a ditadura e que sejam homenageados seus militantes.”

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