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Frente à globalização, Teologia da Libertação está mais necessária do que nunca, diz teólogo

Frente à globalização

"Para a Teologia da Libertação, não interessa tanto a existência de Deus — se Deus existe ou não. Interessa saber onde está Deus, quer dizer, na luta da libertação dos povos. (…) Agora, esse tipo de teologia é mais necessária do que nunca, frente à globalização do capital”. Com essa assertiva, um dos mais expoentes teólogos da Libertação, o belga François Houtart, situa de que maneira essa orientação libertadora do cristianismo fortalece diálogo com as demandas das populações oprimidas em todo o globo e como religião e doutrina social podem caminhar articuladas.

Ele participou, recentemente, do Programa Escuela Cuadros, projeto formativo para estudo e desenvolvimento do marxismo, transmitido pela televisão e pela internet, com sede em Caracas, capital da Venezuela. Durante a entrevista, Houtart utiliza os estudos em torno da figura de Cristo para demonstrar como a Teologia da Libertação, emergida da luta dos povos nos anos 1960, está cada vez mais atual e em diálogo com as demandas sociais.

"A prática e o discurso de Jesus foi bastante claro. Se opôs, por exemplo, ao templo. Mas o templo não era uma igreja ou uma basílica ou uma catedral; o templo era o centro do poder. (…) Frente a uma população muito empobrecida”, expõe.

"Assim, a crítica ao templo por Jesus não somente era de tipo religioso, mas de tipo completo, ou seja, a crítica de todos os poderes sociais, econômicos, políticos e religiosos da sociedade. (…) Sua mensagem era muito mais universal e mais fundamental. Por isso tem um lugar que segue na história, porque é um lugar de crítica de todos os poderes que oprimem as pessoas, qualquer que seja”, explica o teólogo.

O reforço aos preceitos e práticas da Teologia da Libertação se contextualiza num período em que católicos do mundo todo assistem à necessidade de reformas dentro da Igreja Católica. A mensagem libertadora tem refletido as lutas de superação da opressão também na figura do Papa Francisco, eleito em 2013, e que tem proposto o diálogo e uma maior abertura da instituição para as demandas sociais, políticas, ecológicas, econômicas, dentre outras, do século XXI.

"A doutrina social clássica da Igreja condena o capitalismo — os últimos papas todos têm condenado o capitalismo —, mas em função de seus abusos e de suas consequências negativas. (…) A Teologia da Libertação utiliza outro instrumento: o instrumento marxista, em particular, que mostra as estruturas sociais, classes sociais e que há contradições de classe”, aponta o professor.

Para Houtart, não há possibilidade de um novo capitalismo — aquele dito "verde” ou "social”. "É o capitalismo em sua lógica que devemos condenar”, afirma. Esta, indica o teólogo, é uma das diferenças entre a doutrina social da Igreja clássica e a Teologia da Libertação.

"A Teologia da Libertação é uma outra maneira de ler a Bíblia, com um sentido mais crítico, mais histórico, que permite atualizar a mensagem da Bíblia para o tempo atual”, defende. "Também é uma teologia da Igreja, ou seja, o que é o sentido da Igreja como instituição, também com uma visão crítica — sabendo que, às vezes, a Igreja está muito vinculada aos poderes”, acrescenta o teólogo.

Houtart é um sacerdote católico e sociólogo marxista. Professor emérito da Universidade Católica de Lovaine (UCL), na Bélgica, e do Instituto de Altos Estudos Nacionais (IAEN) de Quito, capital do Equador. É autor de mais de 50 livros e centenas de artigos especializados, entre eles "A transformação social na América Latina” (1964) e "Deslegitimando o capitalismo; reconstruindo a esperança” (2005).

Assista ao programa completo:

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Texto de: Marcela Belchior (Jornalista da Adital)

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