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Fórum Ecumênico ACT Brasil manifesta solidariedade aos povos Guarani e Kaiowá do MS

Com o apoio da HEKS-EPER, lideranças cristãs transmitiram solidariedade  a cerca de 250 rezadores e rezadoras indígenas durante encontro em homenagem ao Cacique Nízio Gomes

 

Lideranças indígenas dos Povos Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul estiveram reunidas na Tekohá Guayviri, situada no município de Arau Moreira (MS), entre os dias 16 e 18 de novembro de 2021. Cerca de 250 rezadores e rezadoras indígenas, de 20 aldeias do estado, se encontraram para homenagear e fazer memória do Cacique Nízio Gomes, assassinado em 18 de novembro de 2011. 

Durante o evento os participantes também discutiram temas como a segurança dos povos Guarani e Kaiowá, o agravamento dos ataques aos territórios durante a pandemia, além do sucateamento e a crescente ameaça de retirada de direitos e políticas públicas relacionadas à saúde e à educação indígena na região. Um dos assuntos debatidos foram os incêndios criminosos que as Casas de Reza Guarani e Kaiowá sofrem há anos no estado – crimes de intolerância religiosa que não cessaram durante a pandemia do novo coronavírus.

Em comunhão com povos Guarani e Kaiowá, o Fórum Ecumênico ACT Brasil (FEACT Brasil), que reúne Igrejas, organismos ecumênicos e organizações baseadas na fé, manifestou sua irrestrita solidariedade e apoio ao direito à vida, aos territórios e à liberdade religiosa dos indígenas. Por meio de um vídeo que foi enviado e transmitido aos participantes durante o evento, lideranças de diferentes Igrejas Cristãs do Brasil se solidarizaram com as lutas dos Guarani e Kaiowá.

Projeção do vídeo do FEACT durante o encontro (Foto: CIMI-MS)

 

A relação entre o Fórum Ecumênico ACT Brasil e os povos Guarani e Kaiowá, entretanto, não começou em 2021. Em 2015 e 2016, representantes do Fórum realizaram missões ecumênicas no estado do Mato Grosso do Sul para denunciar a histórica e crescente violência que sofrem estas populações originárias.

“Sabemos que este é um momento muito difícil, onde suas Casas de Reza, seus espaços sagrados, estão sendo destruídos criminosamente, por isso, reafirmamos nosso compromisso firmado há décadas, de caminharmos juntos e em parceria na defesa da vida dos povos indígenas e dos modos de viverem sua espiritualidade”, declara Sônia Mota, Pastora da Igreja Presbiteriana Unida (IPU) e Diretora Executiva da Coordenação Ecumênica do Serviço (CESE).

A pastora repudia os recentes ataques aos espaços sagrados, que evidenciam o caráter do racismo religioso impregnado nestes atos de violência. “Um dos testemunhos de nossa fé é respeitar a diversidade cultural de nossos povos, compreendemos as Casas de Reza Guarani Kaiowá como legítimos espaços sagrados, de cura e da vivência plena da espiritualidade”, explica Sônia.

Otoniel Ricardo, liderança da Assembleia do Povo Guarani e Kaiowá – Aty Guasu, transmitiu ao Fórum Ecumênico o sentimento de gratidão pela declaração enviada. “Agradecemos pelo apoio nesse momento difícil que estamos vivendo. Agradecemos também em nome da família do Cacique Nízio Gomes, que está aqui conosco. Demarcação já!”, compartilhou Otoniel em vídeo enviado ao FEACT.

Link do vídeo: https://youtu.be/eoMClDDr86Y

Otoniel Ricardo, liderança da Assembleia do Povo Guarani e Kaiowá – Aty Guasu,

transmitiu ao Fórum Ecumênico o sentimento de gratidão pela declaração enviada.

 

 

 

 

 

 

 

Templos queimados

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e com a Aty Guasuquase uma dezena de Casas de Reza foram atacadas e incendiadas criminosamente nos últimos dois anos, o que demonstra que os atos de violência não cessaram durante a pandemia, não importando qual tipo de restrição de circulação ou distanciamento social estava vigente pelas diretrizes legais de saúde pública do estado.

Para Lídia Farias, missionária do Cimi no Mato Grosso do Sul que estava presente no encontro, é impossível mensurar a dimensão da violência quando se trata de um atentado como esse. “Para os povos indígenas, queimar uma casa de reza é queimar um templo religioso. A gente não consegue mensurar o prejuízo de um tempo religioso queimado. Queimar o Xiru, que é uma espécie de altar, isso é de uma complexidade que a gente nunca vai conseguir compreender o significado”, enfatiza.

Ainda segundo a missionária, os ataques aos espaços sagrados estão relacionados com as disputas fundiárias e com a negligência do estado no que diz respeito aos direitos dos povos originários da região, conformando um “pacote de violências” que sofrem os indígenas. “Hoje as reservas são ilhas de confinamento nas periferias da cidade, superlotadas, sem a infraestrutura adequada, cercadas por monocultivos de exportação que são banhados de agrotóxicos e que destruíram a biodiversidade local”, ressalta Farias.

Para o Cimi no Mato Grosso do Sul, as reservas indígenas, nestas condições de negligenciamento e omissão por parte do estado – sem os cuidados e direitos básicos que deveriam ser garantidos pela nossa constituição – não atendem as necessidades físicas e socioculturais dos povos. “Sem dúvidas os ataques às Casas de Reza fazem parte deste processo de segregação e marginalização dos Guarani e Kaiowá no estado, principalmente pelo peso simbólico e espiritual que tem um ato deste tipo na vida do indígena”, explica Lídia.

De acordo com a professora Edina Souza, do povo Guarani e Kaiowá, a Casa de Reza pode ser compreendida como a “extensão do corpo místico de seu povo’’. “É como se tivessem colocado fogo no Vaticano. Já imaginou?’’, enfatiza a professora, ao tentar explicar a magnitude da violência praticada.

Para a coordenadora do Núcleo de Educação Indígena de Dourados (MS), Teodora Souza, também do povo Guarani Kaiowá, este tipo de violência é movida pela intolerância religiosa e pelo preconceito que é disseminado dentro e fora dos territórios indígenas nos últimos anos. “Essa queima representa a intolerância em suas diversas formas: religiosa, linguística, étnica, cultural e simbólica’’, conta.

Não é de hoje que os povos indígenas convivem com outras culturas e religiões, porém, para Teodora, o avanço da violência acontece por conta da maneira como indígenas são retratados nas escolas e na grande mídia. “Sabemos que o padrão de beleza e a visão sociocultural hegemônica é outra. Tudo que vem da Europa, dessa visão eurocêntrica, é colocado em um patamar superior ao nosso. A violência nasce dessa desvalorização do que é do nosso povo’’, destaca.

Caminhos para superação e transformação

Apesar do cenário de destruição e violências, os povos Guarani e Kaiowá resistem em seus territórios de vida e de direito. Para Lídia Farias, a manifestação do FEACT, é de suma importância e contribui para transformarmos essa realidade. “Cristo respeitou a todos. Não é porque minha religião ou denominação é diferente que eu tenho o direito de negar ou desrespeitar a espiritualidade indígena. Nesse sentido, o apoio da FEACT tem sido importante pois transmite valores de respeito, acolhimento e partilha”.

Além da manifestação pública, Farias também ressalta o papel político da relação entre o FEACT e os povos originários do Mato Grosso do Sul. “Há também essa função de articulação e incidência política dentro das Igrejas, com outras lideranças religiosas, e isso é fundamental para a promoção da luta pela defesa da vida e dos direitos dos povos indígenas”, aponta a missionária.

Representando o FEACT, participaram da manifestação de apoio aos povos Guarani e Kaiowá o Bispo Maurício Andrade, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), da Diocese Anglicana de Brasília; o Pastor Sandro Luckmann, Coordenador do Conselho de Missão entre Povos Indígenas da Igreja Evangélica de Confissão Luterana; a Pastora Helivete Ribeiro, da Aliança de Batista do Brasil e Presidenta da CESE; a Pastora Romi Márcia Bencke da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) e Secretária Geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC); Rafael Rodrigues da Silva, Diretor Executivo do Centro de Estudo Bíblicos (CEBI); além de Sonia Gomes Mota, Pastora da Igreja Presbiteriana Unida (IPU) e Diretora Executiva da CESE.

Vídeo que foi exibido no encontro, em 18 de novembro: https://youtu.be/BEwKwqRNiUI

 

Fonte: site da CESE 

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