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Bíblia, terra e água: um poço de encontros e de transformações

O CEBI Paraná armou sua tenda em Guarapuava, nos dias 29 e 30 de julho de 2023. Convidou os movimentos sociais, para fazer memória e celebrar a vida. Com a assessoria bíblica do Frei Ildo Perondi e a contribuição profética e memorial do senhor Dionísio Vandressen, celebramos a vida, fizemos memória da caminhada e nos fortalecemos para a luta que continua. Com intensa participação de todos e de todas, com as bandeiras de lutas e o grito na garganta, encarnamos a mística da resistência e da esperança. Cantamos os nossos hinos e nos abraçamos como sinal de alegria e gratidão. Porque, “até aqui, o Senhor nos socorreu”. (1Sm 7,12). Vencemos a pandemia da COVI-19, vencemos as eleições e estamos vencendo o fascismo. O povo brasileiro, com as bênçãos de Deus e a organizado em partidos políticos de esquerda, sindicatos, associações, pastorais, organizados nos movimentos sociais populares, enfrentou e venceu uma das mais malignas ameaças a nossa democracia e a nossa soberania: a escalada de ódio e destruição de valores irrenunciáveis seja visto a partir de um olhar cristão, democrático ou mesmo civilizacional. Estamos aqui, juntos e juntas.

O Método Ver, Julgar e Agir

Organizado e planejado a partir do método VER-JULGAR-AGIR, da Ação Católica, criado pelo padre belga Joseph Cardijn, fundador da JOC – Juventude Operária Católica, conforme (BRIGHENTI, 2022, p. 15), o encontro foi profeticamente iluminado no momento do VER, pelo senhor Dionísio. Olhamos e fizemos memória dos últimos quarenta anos de caminhadas e de lutas que, nas palavras de Dionísio, não se faz sozinho, nem distante da comunidade, tampouco sem fé. A força da luta do povo está na sua organização e na sua união. Na perspectiva da fé, a força da luta encontra-se na comunhão na Igreja e das Igrejas, caminhando juntos, em comunidade e em defesa da vida: no ecumenismo. Não podemos perder isso de vista nunca! Ultimamente as estruturas têm nos aprisionado e nos cansado. Precisamos nos desvencilhar das estruturas, das pompas e do luxo e estar no meio do povo.

A força e a vitória do povo nunca estiveram no dinheiro, em primeiro lugar. A gente sempre conseguiu pagar as contas a partir da solidariedade. Foi assim, inclusive que viveu o projeto Bíblia, Terra e Água. Precisamos nos reaproximarmos das Comunidades e do Povos Tradicionais. Precisamos resgatar a formação em nossa caminhada de comunidades. Hoje está se banalizando muito o nome de Deus e de Maria. Nós que precisamos resolver os nossos problemas sociais e não jogar nas mãos de Deus o que temos de responsabilidade (…) Deus nos dá força e coragem para a transformação de nossa sociedade. Importante se faz a formação para uma espiritualidade com os pés no chão. Formação que dá consciência (…). Precisamos ter uma espiritualidade que sustenta a comunidade e dá coragem para as lutas. Formação: ela forma a opinião das pessoas, gera consciência. A transição do momento do Ver para o momento do Julgar, foi feita relembrando o mantra: “onde pisam os pés, a cabeça pensa e o coração ama”.

O Frei Ildo Perondi trouxe o destaque sobre a terra e a água e os poços de água na bíblia, refletindo como a água aparece na bíblia. (Gn1,2-8; 2,15; 13,5-8; 26,15ss; Ex 2,16; 3, 7-12). Estes, por sua vez, são lugares de conflitos, mas também de partilha, solidariedade, libertação e romance. Nós temos como missão, a partir do chamado e do envio de Deus, cultivar, cuidar e guardar a terra, as fontes, a vida.

Os trabalhos de grupos que refletiram sobre o agir, possibilitaram um diálogo amorosamente comprometido com a luta por transformações sociais. Ouvindo os textos da Bíblia, pudemos perceber como ela nos envolve, como nos toca, queima nosso coração, nos anima e é atual, mesmo sendo escrita há tantos anos. Se quisermos VER, primeiro precisamos escutar. Assim como Deus escutou o seu povo, nós também precisamos escutar a natureza, a terra, as plantas, e as abelhas, a vida, por fim. Quantos ensinamentos dentro dos textos! Há preocupação com as nascentes, o valor da água no dia a dia. Refletir e conscientizar e promover o valor da água. Realizar formação nas comunidades e nos Movimentos Populares. Nos sentimos pequenos, no entanto, resistimos, por exemplo, nessa luta contra o uso de agrotóxicos. Estamos num momento de esperança para que a nossa brasa se acenda em todos os lugares. Fazer formação nas Bases. As alternativas estão em nossas mãos, iluminadas pela Palavra. É preciso denunciar e testemunhar na Paz e sem violência. Resolver nossos problemas sociais, no diálogo e no respeito à diversidade.

Encaminhamentos e compromissos

Encaminhamentos das ações: onde pisam os pés, a cabeça pensa, e o coração ama, mas são as nossas mãos que agem para abraçar e transformar a realidade. O programa temático, Bíblia, Terra e Água, nos convida ao compromisso com a defesa da vida. A partir de amanhã o que faremos com nossas mãos? Formação de consciências; agir com consciência; as melhores energias estão nas bases; somos defensores da vida. Quais serão nossas ações concretas a partir de amanhã em nosso chão, onde nossos pés pisam? O Frei Ildo pôs certa ordem em nosso caos, mas precisamos avançar. É importante fazermos memória, unir e ampliar as lutas entre nós. (as lutas das benzedeiras, dos pequenos agricultores, das mulheres, das juventudes), fortalecer, por fim, as nossas articulações.

Repensar novas metodologias voltadas para as novas gerações. Sugestões: repensar novas ações e análises de conjuntura, a partir da leitura popular da bíblia e a partir da constituição brasileira. A presença do CEBI lá no chão com organização e formação; criar novas metodologias que possam envolver as juventudes; trabalhar a comunidade para conseguir a maioria no legislativo nas próximas eleições; lutar para que nesse governo aconteça a reforma agrária popular discutida com os trabalhadores; levar a mística do CEBI nos diversos movimentos sociais e grupos; inserir nas lutas com novas metodologias para capacitar as famílias e trazer as novas gerações para as lutas. Fazer formação para melhor utilizar as mídias sociais nas lutas, sobretudo com as juventudes, para a construção do Reino. O menino Jean Tiarajú trouxe uma reflexão existencial: “as máquinas são programadas e nós?” O que podemos fazer para buscar a inteligência amorosa? Nenhuma metodologia é pronta. Ela se constrói no caminho e na caminhada e pouco a pouco.

O CEBI-PR fez história a partir da do Seminário Bíblia, Terra e Água em Guarapuava e abriu um novo momento neste pós-pandemia. As esperanças se renovaram, os abraços se reencontraram e um novo tempo surge. O testemunho do senhor Dionísio e a hermenêutica do Frei Ildo, nos enviou cheios de esperança e energia para recomeçarmos as nossas lutas e reconstruirmos a nossa democracia e o nosso país.

Curitiba, 02 de agosto de 2023 – quarta feira.
Por João Santiago
Teólogo, poeta e Militante.
Coordenador estadual do CEBI-PR

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