Notícias

A comunicação pública passa a ser o alvo da extrema direita no país

por Intervozes, via Carta Capital*

As piores previsões para a comunicação pública nos novos governos de extrema direita instalados no país vão se concretizando. Censura nas redações, ameaça aos trabalhadores e fechamento de veículos abrem o ano nos diversos veículos de caráter público em todo o país.

Em nível federal, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) sofreu mais um atentado em sua missão de informar e entreter com autonomia a sociedade. Uma mera portaria publicada pelo novo presidente da empresa, Alexandre Graziani, liquidou a missão legal da TV Brasil, transformando-a em uma mera reprodutora de propaganda governamental de Bolsonaro e dos militares.

Até então, ainda predominava na empresa uma separação entre os veículos públicos – regidos pela lei que criou a EBC – e os produtos estatais. Durante os mais de 10 anos de trajetória da EBC, os veículos públicos nacionais como a TV Brasil, Agência Brasil e Rádios Nacional e MEC buscavam seguir linha editorial própria, mesmo que desvirtuada pelo governo Temer, diferente dos veículos estatais. Nesses, a NBR e Voz do Brasil, quem sempre decidiu pela programação foi a secretária de comunicação da presidência da república.

Mas com a temerária e ilegal decisão da nova direção da EBC, simplesmente esta diferenciação deixou de existir. A partir desta quarta 10, conteúdos produzidos diretamente para atender ao governo serão prioridades na “nova” TV Brasil. Um jornal diário pela manhã trará as notícias do governo. Em hora e hora terá flashes com as ações do governo. No jornal da noite, quase um terço das matérias serão exclusivamente sobre o governo. Faixas especiais trarão entrevistas com membros do governo. No sábado, está previsto um grande resumo da semana do governo. E de bônus, a TV será invadida por programas da Marinha e do Exército brasileiro. Ou seja, a TV Brasil será simplesmente a TV do governo Bolsonaro.

Os jornalistas da emissora, que já vinham sendo censurados durante o governo Temer, passaram a sofrer uma nova onda de perseguições, como as proibições de citar a ditadura e o golpe militar no Brasil e de usar a palavra “fuzilamento” no assassinato de um músico no Rio com 80 tiros feitos por homens do Exército, e o veto de noticiar a renúncia do ex-deputado Jean Wyllys.

Essas mudanças afrontam diretamente a legislação que criou a EBC, que previu a sua autonomia frente ao governo federal. Confrontam a Constituição Federal que estabeleceu os sistemas privados, estatais e públicos de comunicação. Desprezam parâmetros internacionais desenvolvidos pela ONU.

Um exemplo ruim em Minas Gerais

Enquanto isso, em Minas Gerais, primeira experiência de gestão do partido Novo, o governador Romeu Zema resolveu simplesmente fechar a Rádio Inconfidência AM, uma das mais antigas do país, além de demitir dezenas de empregados concursados da emissora e cortar o seu orçamento. A situação reflete o desmonte da Empresa Mineira de Comunicação (EMC) criada em 2016, tendo a EBC como inspiradora, ainda não estruturada e responsável pela Rádio Inconfidência AM e FM e pela TV Minas.

Nos desmandos de Zema, a emissora histórica dos mineiros, a “Gigante do Ar”, deve ser fechada por ser deficitária e por ter obrigação de migrar do AM para o FM. Mas as informações utilizadas são falsas, já que a migração não é obrigatória para uma rádio de longo alcance, como a Inconfidência, sendo apenas para emissoras AM locais de baixa potência.

Com seu anseio neoliberal, o governador do Partido Novo insiste em uma missão de sucatear o Estado de Minas, cortando verbas para educação e cultura. Criou uma meta de que em até um ano a rádio Inconfidência FM tem que faturar 3 milhões ou então também será fechada. Ainda paira no ar quais medidas o governo tomará em relação a TV Minas.

Isso tudo ocorre um momento em que se buscava a consolidação da Empresa Mineira de Comunicação. Em 2017, os dois veículos executaram um orçamento de R$ 11,5 milhões. A verba custeou a mudança de endereço das emissoras, que agora funcionam conjuntamente. A nova empresa ainda não teve sequer seu estatuto social aprovado, que impede a implementação de seu Conselho Curador, o que possibilitaria impedir o uso político da emissora.

Os casos da EBC e da Rádio Inconfidência não são exceções pelo país. Em 2016, o governo de José Ivo Sartori no Rio Grande do Sul extinguiu a Fundação Piratini, responsável pela TVE gaúcha e pela Rádio Cultura, sucateando a emissora e vinculando-as diretamente a Secom do governo estadual.

Essas práticas só demonstram que o que temos em jogo é a luta pela liberdade de expressão e o direito à comunicação da população brasileira, bandeira fundamental para garantir as liberdades democráticas do país, e que sofre um grande baque com a dizimação da comunicação pública brasileira.

Por Gésio Passos e Raquel Baster, do Intervozes. Publicado no site de Carta Capital.

 

situs judi bola AgenCuan merupakan slot luar negeri yang sudah memiliki beberapa member aktif yang selalu bermain slot online 24 jam, hanya daftar slot gacor bisa dapatkan semua jenis taruhan online uang asli. idn poker slot pro thailand

Seu carrinho está vazio.

mersin eskort
×