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Epifania, Este Sentimento Profundo de Compreensão

Quando fui convidada para refletir sobre a Epifania de Nosso Senhor Jesus Cristo, celebrada pelas igrejas que acompanham o lecionário ecumênico, senti o desejo de pensar o que esta celebração significa para mim, mulher preta, pobre, mãe solo, nascida no dia 06 de janeiro, em uma cidade do agreste de Pernambuco. Desejei refletir sobre os meus sentimentos, antes mesmo de mergulhar nos textos indicados para iluminar as celebrações do segundo domingo de janeiro.

Dei-me conta imediatamente que “epifania” e “Nosso Senhor Jesus Cristo” são expressões que chegaram aos meus ouvidos muito tardiamente. O que a menina de Caruaru ouvia é que ela nasceu no dia da “Festa de Reis”, quando os magos foram levar presentes para o menino Jesus.

Minha memória afetiva traz uma mistura de explicações que ouvi de minhas tias e avós, juntadas às minhas experiências pessoais. Algo mais ou menos assim: 06 de janeiro é um dia muito bonito, foi quando os reis magos que vinham atravessando o deserto, seguindo a estrela, procurando o rei-menino, foram até o palácio, mas o menino-Deus não estava lá. A estrela os trouxe até um sítio e foi dentro de um curral, deitado em uma cocheira que o Menino Jesus foi adorado pelos magos, pelo pessoal da roça e pelos bichos.

Isso mesmo, eu nasci no dia que a gente se lembra daquela que, para o povo da bíblia, foi a primeira vez em que as pessoas, os bichos e toda a natureza tiveram a revelação de que o Deus do céu está com a gente e habita a fragilidade de uma criança. Por isso tem festa, oração, pastoril, queima da lapinha (palha que está no chão e na coberta onde fica o presépio), tudo para celebrar a súbita percepção da Divindade que está entre nós.

E para você, o que diz a expressão Epifania de Nosso Senhor Jesus Cristo?

Neste segundo domingo de janeiro, nossas igrejas irão trazer a memória de muitas comunidades da Bíblia com este olhar da epifania, da revelação, para somar com a memória de nossas comunidades de fé. É nesta perspectiva de Deus-conosco que vamos ler Isaías 60:1-6, percebendo a luz, da qual fala Isaias, como esta presença agregadora do Deus vivo, para o qual tudo converge e atinge plenitude. Com este mesmo olhar vamos orar o Salmo 72:1-7, 10-14, sentindo a marca emblemática do Deus justo na história do povo. Também no depoimento da Comunidade de Efésios 3:1-12 vamos ter o testemunho de que Deus se manifestou, mostrou-se e nos deu a conhecer seus caminhos.

A comunidade de Mateus, guardou a memória da Epifania deste modo:

1 Jesus nasceu na cidade de Belém, na região da Judéia, quando Herodes era rei da terra de Israel. Nesse tempo alguns homens que estudavam as estrelas vieram do Oriente e chegaram a Jerusalém.

2 Eles perguntaram: —Onde está o menino que nasceu para ser o rei dos judeus? Nós vimos a estrela dele no Oriente e viemos adorá-lo.

3 Quando o rei Herodes soube disso, ficou muito preocupado, e todo o povo de Jerusalém também ficou.

4 Então Herodes reuniu os chefes dos sacerdotes e os mestres da Lei e perguntou onde devia nascer o Messias.

5 Eles responderam: —Na cidade de Belém, na região da Judéia, pois o profeta escreveu o seguinte:

6 “Você, Belém, da terra de Judá, de modo nenhum é a menor entre as principais cidades de Judá, pois de você sairá o líder que guiará o meu povo de Israel. ”

7 Então Herodes chamou os visitantes do Oriente para uma reunião secreta e perguntou qual o tempo exato em que a estrela havia aparecido; e eles disseram.

8 Depois os mandou a Belém com a seguinte ordem: —Vão e procurem informações bem certas sobre o menino. E, quando o encontrarem, me avisem, para eu também ir adorá-lo.

9 Depois de receberem a ordem do rei, os visitantes foram embora. No caminho viram a estrela, a mesma que tinham visto no Oriente. Ela foi adiante deles e parou acima do lugar onde o menino estava.

10 Quando viram a estrela, eles ficaram muito alegres e felizes.

11 Entraram na estribaria e encontraram o menino envolto em panos na manjedoura com Maria, a sua mãe. Então se ajoelharam diante dele e o adoraram. Depois abriram os seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra.

12 E num sonho Deus os avisou que não voltassem para falar com Herodes. Por isso voltaram para a sua terra por outro caminho.

                Quero pensar que na memória das comunidades bíblicas ou do povo simples do meu agreste há em comum esta presença Divina-Humana agregadora, larga, simples, acessível. Quem sabe a Epifania de Nosso Senhor Jesus Cristo seja mesmo a certeza de que não estamos sozinhas, as forças encantadas da criação e da vida estão conosco e são bem simples, cabem numa cocheira-manjedoura, dentro de um curral-estábulo, no corpo de uma criança, no colo de uma mulher, no abraço de um pai.

 

Sílvia Souza

Biblista Popular

CEBI Pernambuco – Conselho Nacional do CEBI

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