Notícias

A misericórdia: eixo da comunidade [Ana Maria Casarotti]

A misericórdia: eixo da comunidade

Pedro aproximou-se de Jesus, e perguntou: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?» Jesus respondeu: «Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.

Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. Quando começou o acerto, levaram a ele um que devia dez mil talentos. Como o empregado não tinha com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, ajoelhado, suplicava: ‘Dá-me um prazo. E eu te pagarei tudo’. Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado, e lhe perdoou a dívida.

Ao sair daí, esse empregado encontrou um de seus companheiros que lhe devia cem moedas de prata. Ele o agarrou, e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague logo o que me deve’. O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dê-me um prazo, e eu pagarei a você’. Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão, e lhe contaram tudo. O patrão mandou chamar o empregado, e lhe disse: ‘Empregado miserável! Eu lhe perdoei toda a sua dívida, porque você me suplicou. E você, não devia também ter compaixão do seu companheiro, como eu tive de você?’ O patrão indignou-se, e mandou entregar esse empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida.

É assim que fará com vocês o meu Pai que está no céu, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.

Leitura do Evangelho segundo Mateus 18,21-35.
(Correspondente ao 24° Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico).

O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.

A misericórdia: eixo da comunidade

No texto do Evangelho, Mateus continua apresentando as características fundamentais de uma comunidade cristã, de cada pessoa que compõe um grupo humano e tenta levar uma vida em comum. Faz parte do quarto discurso dirigido especialmente aos discípulos e traz instruções para uma comunidade dividida. Convida ao perdão, especialmente aos pequenos e as pessoas mais desfavorecidas.

Os discípulos escutaram as palavras de Jesus sobre o perdão. Palavras exigentes para quem não está acostumado a viver perdoando. Devem ter surgido perguntas no meio deles, dúvidas, até lembranças de situações vividas que não respondem ao estilo de vida e de relação entre eles e com os outros.

É fácil imaginar que cada um deles tenha sua própria interpretação sobre as palavras de Jesus. Até quando deve ser corrigida uma pessoa? Se sempre cometer o mesmo erro, também deve ser advertida ou é admoestada?

Finalmente Pedro apresenta a Jesus uma problemática: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?”. Esta pergunta envolve a totalidade das relações humanas, sendo, por isso, de suma importância, tanto no tempo de Pedro quanto hoje.

Fiel à tradição judaica, Pedro pergunta sobre o limite do perdão. Com efeito, para acentuar a bondade de Deus, diziam os rabinos que Ele perdoava três vezes. E as diversas escolas rabínicas exigiam que seus discípulos perdoassem certo número de vezes, número esse variável, de escola para escola. Por esta razão, Pedro pergunta a Jesus que “taxa de perdão” estipulava Ele para os seus discípulos.

A resposta de Jesus“… setenta vezes sete” – equivale a “perdoar sempre, perdoar sem limites!” Sabendo, porém, que a sua proposta superava a estreiteza da mentalidade judaica de Pedro, lança mão de uma parábola para explicar o novo modo de perdoar que deve ser adotado por quem deseja segui-lo.

Compõem a parábola duas cenas intimamente interligadas. Na primeira, são personagens centrais o rei e o empregado. A relação entre ambos é tensa, já que marcada por uma dívida exorbitante, correspondente, em termos de hoje, a quase 174 toneladas de ouro. A ponto de perder tudo, o empregado, em sua aflição, suplica ao patrão:

Dá-me um prazo e eu lhe pagarei tudo o que devo!”

Rompendo com a lei judaica, segundo a qual a quitação da dívida deveria ser feita mediante a venda não só dos bens, mas até mesmo da pessoa do devedor, de sua mulher e de seus filhos como escravos, Jesus apresenta um rei que não se mostra indiferente à situação miserável do empregado mas que, paciente, bondoso e compassivo, perdoa-lhe integralmente a imensa dívida.

Sim, esse é o Deus Pai de Jesus que, enternecido ante a miséria e a fraqueza humanas, “padece com” todos nós, seus devedores; que, perdoando as nossas dívidas, liberta-nos de todo o mal e de tudo quanto nos degrada e escraviza; que, sendo Amor e Misericórdia sem limites, nos oferece uma vida – sua própria Vida – plena de sentido.

Cabe aqui perguntar-nos: que imagem temos nós de Deus? De um Deus sempre atento aos nossos erros para anotá-los e cobrá-los? De um Deus insensível aos nossos sofrimentos? Que tem a ver tal imagem com a do Pai Misericordioso que Jesus nos veio apresentar?

Mas, uma vez perdoado, o empregado encontra um companheiro que lhe deve uma soma incomensuravelmente menor: cem denários ou, em valores de hoje, menos que 30 gramas de ouro. Era de esperar que ele se comportasse para com o colega da mesma forma que com ele fizera, ainda há pouco, o bondoso patrão. Não foi, porém, o que ocorreu. Não consentindo que a misericórdia recebida lhe penetrasse o coração, foi incapaz de converter-se e de, compadecido, perdoar o companheiro.

Todo discípulo de Jesus, tendo experimentado sua misericórdia e bondade, é chamado a repassá-la aos outros, fazendo-se, assim, semelhante a Deus:

“Sede misericordiosos, como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).

Agindo desta forma, o devedor perdoado, não se tornando ele mesmo comunicador do perdão recebido, parece quebrar o processo de reconciliação que o rei almejava instaurar em seu reino. O perdão e a reconciliação são, certamente, presentes de Deus. Mas exigem nossa decidida adesão a sermos também nós instrumentos de perdão e de paz.

Jesus termina a parábola com uma exortação: perdoar de coração a nossos irmãos. Convida-nos, assim, uma vez mais, a viver o único mandamento:

“amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12).

Colaboramos com nossa vida, com nossas atitudes na formação de vínculos de perdão e de misericórdia? Ou somos propagadores de ódio e de vingança? Que estamos fazendo para que o reino de Deus aconteça em nosso meio?

Fonte: Publicado pelo Instituto Humanitas, 15/09/2017.

situs judi bola AgenCuan merupakan slot luar negeri yang sudah memiliki beberapa member aktif yang selalu bermain slot online 24 jam, hanya daftar slot gacor bisa dapatkan semua jenis taruhan online uang asli. idn poker slot pro thailand

Seu carrinho está vazio.

×