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Dia de oração e cuidado com a Criação

por Marcelo Barros*

Há cinco anos que o papa Francisco propôs que, anualmente, todas as dioceses e paróquias católicas dedicassem sempre o primeiro domingo de setembro à oração pelo cuidado com a Criação. Ontem foi celebrada pela 5ª vez esse dia que deveria, de alguma forma, entrar no calendário litúrgico. Desde a década de 80, por orientação de Dionísios I, então patriarca ecumênico de Constantinopla, as Igrejas orientais incluíram essa data no calendário litúrgico e começam nesse domingo a leitura do livro do Gênesis. Há cinco anos, depois da Laudato sii, o papa Francisco quis que essa comemoração fosse assumida também pela Igreja Latina.

Pela importância que, no mundo atual, tem a crise ecológica e pela proximidade do Sínodo da Amazônia que tem como tema a ecologia integral, seria importante que as Igrejas locais tivessem assumido essa proposta com alegria e entusiasmo. Pelo pouco que constatei, no Recife, só a Igreja Episcopal Anglicana publicou em seu site fotos e uma matéria revelando que esse assunto foi lembrado e celebrado. Na própria Igreja Católica, nem a CNBB divulgou o assunto (não aparece no Diretório Litúrgico) e nem os folhetos litúrgicos que vi sobre o dia de ontem, faziam qualquer alusão sobre isso. Bispos e padres amigos me confessaram que nunca tinham ouvido falar desse assunto. É pena.

As notícias sobre o dia de hoje revelam furacão que já provocou mortes em Porto Rico e no Caribe e nessa noite está chegando à Flórida e a Miami. No Rio de Janeiro, chuvas fora de época que provocam inundações nas periferias e na Europa um calor mais forte do que em todos os anos anteriores. Ao mesmo tempo, a Amazônia queima e os rios de fumaça transformam o dia em noite em São Paulo, Belo Horizonte e outras cidades do sul.

Tomara que seja pura coincidência o fato de que a proposta do papa Francisco em um assunto como esse nem consiga chegar às bases das Igrejas. O fato é que é urgente integrar na nossa fé e no nosso modo de celebrar o cuidado com a Criação. Nenhum estudo ou constatação científica vai mudar o comportamento da sociedade com relação a isso. É preciso uma mudança cultural que pede o que o papa chama de “espiritualidade ecológica”. É isso que temos de viver e de aprofundar em nossas Igrejas.

Faz parte dessa espiritualidade um novo modo de orar (dia de oração). Não se trata de pedir a Deus que resolva os problemas que a ambição humana cria. Seria falso votar em governantes que optam por destruir a natureza e depois pedir a Deus que a proteja. A oração na perspectiva de uma espiritualidade ecológica tem de ser escutar a voz da Terra que grita por socorro, a voz dos pobres, índios, lavradores sem terra e pessoas sem teto que clamam por justiça e acolher a palavra divina que nos manda solidarizar-nos com eles e elas no caminho da ecologia integral e do Bem-viver.

Publicado originalmente no blog do autor.

>> Para aprofundar a reflexão, indicamos dois livros publicados recentemente pelo autor Marcelo Barros:

Conversas provocadoras com os evangelhos (Jonathan Felix)

Na leitura popular da Bíblia a primeira palavra geradora é o diálogo. Foi a conversa amiga e descontraída que experimentamos na série de livros que, alguns jovens de diversos estados do Brasil fizemos com Marcelo Barros e que formam a série “Conversas com os evangelhos”.

Já há décadas, Marcelo Barros desenvolve como método de leitura do Evangelho fazer perguntas às comunidades do primeiro século da nossa era, na qual teriam nascido os evangelhos. Nos anos 90, a Paulus e o CEBI publicaram “Conversando com Mateus”, com prefácio de Carlos Mesters e posfácio do rabino Henry Sobel. Agora, esse trabalho foi retomado, em diálogo com jovens universitários de cidades diferentes e de Igrejas diversas.

Conversa com o Evangelho de Mateus – publicado pela Editora Santuário em 2017 trazia junto com Marcelo Barros, coautores como Jonathan Félix, (Belo Horizonte), Cladilson Nardino (Curitiba) e Júnior Centenário (Passo Fundo), além da saudosa irmã Agostinha Vieira de Melo + (João Pessoa) e testemunhos ou depoimentos de outras pessoas. Em 2018, a Editora Senso publicou “Conversa com o evangelho de Marcos”, no qual Marcelo conversa com Amanda Prediger e Júnior Centenaro (Passo Fundo), Ana Cláudia Carvalho (jovem anglicana de Belém), Anderson Gusmão (Camaragibe, PE), Jonathan Felix (Belo Horizonte) e Cladilson Nardino (Curitiba), todos procurando conversar com os textos de Marcos.

Agora a mesma Editora Senso publica “Conversa com o evangelho de Lucas”. Dessa vez, Marcelo Barros conversa com Ana Cláudia Carvalho, Jonathan Felix, Sandson Rotterdan e Salete Braga.

Nesses livros, se parte da realidade atual, se busca uma leitura ecumênica e pluralista (não confessional) dos textos bíblicos e se quer compreender melhor o contexto social e político que está por trás das palavras dos evangelhos. Esses livros são como convites provocadores para que quem os ler continue o diálogo com o texto e entre na conversa com os autores. Dialogar é viajar em companhia do Espírito para descobrir de onde vem e para onde vai a sua graça. Convidamos você para fazer conosco essa experiência.


Conversa com o Evangelho de Marcos, 
Marcelo Barros, em diálogo com Amanda Prediger, Júnior Centenaro, Ana Cláudia Carvalho, Anderson Gusmão, Jonathan Felix e Cladilson Nardino. Belo Horizonte, Editora Senso, 2018.

>> Para adquirir acesse: www.editorasenso.com

 

 

Conversa com o Evangelho de Lucas, Marcelo Barros, em conversa com Ana Cláudia Carvalho, Jonathan Felix, Sandson Rotterdan e Salete Braga. Belo Horizonte, Editora Senso, 2019.

>> Para adquirir acesse: www.editorasenso.com

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