Notícias

Qual é a palavra que alimenta nossa fome de vida e dignidade?

por Itacir Brassiani msf*

O Evangelho de Jesus é, desde sempre e literalmente, boa notícia. Por isso, onde é anunciado e ouvido, produz alegria, como bem insiste o papa Francisco. Mas também provoca crise, e não apenas hoje. Não é possível crer em Jesus e seguir seu caminho sem romper com uma cultura centrada na competição, na esperteza, na indiferença e na dominação. Se não acontecer esta ruptura, a fé professada com os lábios acaba sendo negada pelas atitudes e valores, como vemos em alguns candidatos à presidência do Brasil. Jesus esclarece: “As palavras que vos falei são espírito e vida. Mas entre vós há alguns que não creem…”

O evangelho proposto para este domingo é parte do sexto capítulo de João. Tudo começou com a partilha dos pães e dos peixes entregues a Jesus por um jovem e partilhados com uma multidão. Entusiasmada com a abundância de alimento, a multidão quis transformar Jesus em rei, mas ele fugiu de fininho. Diante desta recusa de Jesus, os discípulos ficaram desorientados e pensaram em fugir. Mas Jesus foi ao encontro deles, no meio do mar agitado. E, depois disso, Jesus desenvolve uma longa catequese sobre o pão verdadeiro, o pão que nos alimenta verdadeiramente e merece ser buscado.

Esta longa reflexão sobre o pão que dá vida não tem nada de inocente, espiritualista ou inofensivo, e os discípulos o entenderam perfeitamente. Por isso, no fim da reflexão, disseram a Jesus que seu modo de falar era duro demais e que era difícil continuar ouvindo seu ensino. A razão da crise dos discípulos é seguir alguém que não aceita ser rei; que pede para renunciar à ambição individual de estar à sua direita ou à sua esquerda; que propõe a entrega de si mesmo como caminho de realização; que insiste que vulnerabilidade é força; que indica a atitude de servo como a mais nobre e digna do ser humano…

Sedentos de triunfo e de sucesso, muitos discípulos, frustrados e rebelados, abandonam o seguimento de Jesus. Sem se importar com isso, Jesus provoca ainda mais os discípulos já escandalizados, enfatizando que é próprio do ser humano descer, que quem é rebaixado é visto por Deus como o mais nobre e perfeito. A partir disso, muitos discípulos voltam atrás, e não andam mais com Jesus. Eles buscam um Enviado diferente, um Messias feito à medida dos interesses individuais e da própria classe. Sem receio de ficar só, Jesus enfrenta também os que permanecem: “Vocês também querem ir embora?”

A resposta a esta pergunta, que também é dirigida a nós, não pode ser da boca pra fora, da cabeça para cima; deve ser consciente, engajada e consequente. Pedro, em nome de um bom grupo de discípulos e de forma um pouco resignada, responde com uma pergunta: “A quem iremos, Senhor?” A resposta não vem da boca de Jesus, mas deve vir de um discernimento que nós mesmos devemos fazer. De minha parte, como Pedro, fico com Jesus Cristo e sua humanidade, com o Evangelho e sua liberdade, com o serviço aos irmãos e à sua dignidade. Não me reconheceria nem conseguiria viver fora desse horizonte…

Jesus é a Palavra de Deus feita carne solidária, e suas palavras são portadoras de dignidade e vida. Pedro entendeu bem: “Tu tens palavras de vida eterna.” Ele sabia muito bem que, diante de Jesus, todos se descobrem pessoas dignas e capazes, conduzidas a uma liberdade sempre mais plena e exigente, portadores de uma vida cada vez mais plenificada, peregrinos de um caminho que liberta porque jamais termina. Mas não é possível ser cristão e, ao mesmo tempo, permanecer dentro das premissas da cultura individualista. Não podemos cair na tentação, sempre presente e forte, de adocicar e amenizar a mensagem de Jesus Cristo, submetendo-a ao nosso desejo de prosperidade e grandeza.

Crer em Jesus significa experimentar uma liberdade radical, capaz de promover a liberdade de quem convive conosco. Só quem foi libertado de tudo está em condições de servir. “Sejam submissos uns aos outros no amor de Cristo”, pede Paulo aos esposos e a todos os cristãos. Submissão (missão subalterna) significa estar à disposição do outro, e isso nos leva a assumir o fardo do outro, a ser substituto, a suportá-lo nas penas e sofrimentos, nos sonhos e buscas. Paulo aplica isso à relação entre marido e mulher, mas a reciprocidade no amor e no serviço se aplica a todas as relações. Eis a novidade cristã!

Jesus amado, Profeta temido por tua intrepidez, Pão que alimenta nossa fome mais profunda, Palavra que nos mantém no belo e difícil caminho da vida! Ensina-nos a encontrar a simplicidade profunda do teu Evangelho e a vivê-lo com inocente e desarmada alegria. Ajuda-nos a viver a submissão e o serviço recíprocos e a fazer disso uma pequena mas persistente diferença. Ilumina e fortalece nossos catequistas: que eles experimentem paradoxal glória de descer ao encontro dos mais pobres, para ser tua Boa Notícia para eles, e conduzir ao teu encontro as pessoas a eles confiadas. Assim seja! Amém!


Reflexão de Itacir Brassiani msf, publicado no blog do autor.

situs judi bola AgenCuan merupakan slot luar negeri yang sudah memiliki beberapa member aktif yang selalu bermain slot online 24 jam, hanya daftar slot gacor bisa dapatkan semua jenis taruhan online uang asli. idn poker slot pro thailand

Seu carrinho está vazio.

×