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Meditação do evangelho: Deus é plural

Ecumenismo: recomeçar a partir de Trento [Luca Maria Negro]

via IHU*

Confira a reflexão bíblica elaborada por Adroaldo Palaoro, sacerdote jesuíta, comentando as leituras bíblicas da Festa da Santíssima Trindade (Ciclo B), que  corresponde ao texto bíblico segundo Mateus 28,16-20.

“…batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19)

A Igreja celebra, neste domingo, a Festa da Trindade, cume e compêndio de todas as festas do ano: do Deus que é Pai, é Filho e é Espírito.

Assim, a festa de hoje vem plenificar o tempo pascal, como uma espécie de “síntese”.

Síntese pascal

Síntese, não intelectual, mas “misterial”, ou seja, celebração de nossa participação no fluxo amoroso das pessoas divinas; pois a SS. Trindade não é uma questão especulativa, é, sobretudo, uma experiência de um Deus amoroso.

A liturgia nos convoca a viver a experiência do Deus “comunhão de Pessoas”; para isso, ela nos convida a fazer uma viagem ao interior de Deus, como vida de amor que se revela na história da humanidade, vida entendida como Pai, Filho e Espírito Santo.

A imensa maioria dos cristãos não sabe que, ao adorar a Deus como Trindade, está confessando que Deus, em sua intimidade mais profunda, é só amor, acolhida, ternura, misericórdia.

Essa viagem ao coração da Trindade culmina na grande comunhão humana, pois o Deus Pai, Filho e Espírito integra no amor todos os povos da terra.

Dessa forma, a viagem ao interior de Deus se converte em movimento ao exterior, no encontro expansivo com todos os homens e mulheres.

Quanto mais mergulhemos em Deus, comunidade de Amor, mais poderemos expandir-nos em solidariedade, amor e justiça para com todas as pessoas, porque o interior de Deus é princípio de reconciliação e unidade (na diversidade) de todos os povos e raças do mundo.

Foi-nos dito que o dogma da Trindade é o mais importante de nossa fé católica; no entanto, a imensa maioria dos cristãos não consegue compreender o que ele quer dizer. Com a Trindade, nós cristãos não queremos “multiplicar” Deus. O que queremos é expressar a experiência singular de que Deus é comunhão e não solidão.

“No princípio está a comunhão dos TRÊS e não a solidão do UM” (Leonardo Boff).

Aproximar-nos do Deus de Jesus é descobrir a Trindade. E em cada um de nós a Trindade deixa-se refletir. Nossa vida deveria ser um espelho que em todo momento refletisse o mistério da Trindade. O grande ensinamento da Trindade é que só vivemos, se convivemos.

Viver a experiência do Deus Trino implica saber com-viver; fomos feitos para o encontro e a comunicação. Estamos, portanto, falando de uma única realidade que é relação.

Deus-Trindade é a relacionalidade por excelência; Deus só existe como ser em relação; Deus é só relação, porque Deus é só amor. “No princípio está a relação” (G. Bachelard).

E sendo Deus essencialmente relação, não poderia permanecer fechado n’Ele mesmo; num gesto de pura gratuidade, essa relação se manifesta como transbordamento de vida, chamando toda a Criação à existência e convidando a humanidade a entrar no fluxo dessa relação trinitária.

Mas, para nos aproximar do Deus comunhão de Pessoas, temos de superar o ídolo ao qual nos apegamos. Sim, o “falso deus” identificado com um ser poderoso que se manifesta como um déspota, um tirano destruidor, um ditador arbitrário; um ser onipotente que ameaça nossa pequena e limitada liberdade. É muito difícil abandonar-nos a alguém infinitamente poderoso. Parece mais fácil desconfiar, ser cautelosos e salvaguardar nossa independência.

Mas Deus Trindade é um mistério de Amor. E sua onipotência é a onipotência de quem só é amor, ternura insondável e infinita. É o amor de Deus que é onipotente. E sempre que esquecemos isso e saímos do fluxo do amor, nós fabricamos um Deus falso, uma espécie de ídolo que não existe.

A Trindade não é uma verdade para crer mas uma presença a ser acolhida, uma experiência a ser vivida. Uma profunda experiência da mensagem cristã será sempre uma aproximação ao mistério Trinitário.

A festa da Trindade deve nos libertar do “Deus Ser todo poderoso” e empapar-nos do Deus Ágape que nos identifica com Ele. A imagem do “Deus todo poderoso” não expressa bem a experiência do “Deus trino”. Deus é amor e só amor. Só na medida que amemos, poderemos conhecer a Deus.

Esta é talvez a conversão que muitos cristãos mais precisam: fazer a passagem de um Deus considerado como Poder a um Deus adorado alegremente como Amor.

Felizes aqueles que descobrem que a Trindade não é um mistério incompreensível, mas a cotidiana experiência do Amor, a partir de uma vida encarnada em nossa história, com um respiro, um ânimo e uma paixão especial por continuar vivendo cada dia com os mesmos sentimentos de Jesus, junto a tantas pessoas que trabalham por outro mundo mais fraterno, justo e solidário. A Trindade é o espelho que nos mostra como devemos ser e viver à luz da “melhor Comunidade”.

Ora, tal Mistério fonte de todo ser, constitui o modelo ideal de todo e qualquer convívio humano. Somos feitos à “imagem e semelhança da Trindade”.

Trazemos em nós impulsos de comunhão.

Sempre que construirmos relações pessoais e sociais que facilitem a circulação da vida, a comunhão de diferentes à base da igualdade, estaremos tornando visível um pouco do mistério íntimo de Deus.

Deus quer inserir-nos nesta sua comunhão eterna, como no-lo disse Jesus: “Que todos sejam um como Tu, Pai, estás em mim, e eu em Ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que Tu me enviaste” (Jo. 17,21).

Portanto, Trindade é a glória de Deus que se expressa na vida da humanidade; é o Amor mútuo, a comunhão pessoal, de Palavra (Filho) e de Afeto (Espírito Santo) que sustenta as relações entre os seres humanos. Assim é a Trindade na terra: quando todos compartilham a vida e se amam.

Não crê na Trindade quem simplesmente professa que há “em Deus três pessoas”, ou quem faz mecanicamente o sinal da Cruz, mas aquele que vive o impulso e a expansão do Amor Redentor, que se expressa como compaixão, reconciliação e compromisso. Crer na Trindade é amar de um modo ativo, como dizia S. Agostinho. Contempla-se a Trindade ali onde nos amamos e nos comprometemos com a libertação do próximo. Estamos envolvidos pelo mesmo movimento do Amor sem fim que parte do Pai, passa pelo filho e se consuma no Espírito.

Só quem tem coração solidário adora um Deus Trinitário, pois no compromisso libertador torna-se visível a presença trinitária.

Para meditar na oração

Como pessoas trazemos uma força interior que nos faz “sair de nós mesmos” e criar laços, construir fraternidade, fortalecer a comunhão.

Fomos criados “à imagem e semelhança” do Deus Trindade, comunhão de Pessoas. (Pai-Filho-Espírito Santo). Quanto mais unidos somos, por causa do amor que circula entre nós, mais nos parecemos com o Deus Trindade.

  • Em quê aspectos concretos de sua vida se manifesta o mistério do Deus trinitário como amor e vida?
  • Como poderia abrir-se mais à ação do Espírito da Verdade em sua vida, para que o(a) leve a um conhecimento existencial e atualizado do Evangelho de Jesus?
  • Com quais iniciativas concretas você poderia contar para que sua comunidade cristã seja cada dia mais imagem da comunidade de amor infinito que é a Trindade divina?
  • Quais diferenças estão criando divisões e intolerâncias em sua comunidade? Quais elementos da vida comunitária são fatores de união, fazendo-os crescer como irmãos(ãs) e fortalecendo a missão evangelizadora?
  • Sua comunidade é sinal e instrumento de salvação de Deus Trindade, através da iniciativa do amor (Pai), da entrega radical (Filho) e da abertura à novidade dos caminhos de Deus (Espírito)?

Traduzido e publicado no site do Instituto Humanitas, 25/05/2018.

???? Livros para expandir a reflexão:
???? Os sofredores no coração de Deus: Palavra que ilumina
???? Re-imaginando a Trindade
???? Bem me quero – bem te quero. Construindo relações de paz

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