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Eu te louvo, Pai, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos (Mt 11,25-30) [Tomaz Hughes]

Leia o comentário do Evangelho para o próximo domingo, 09 de julho.

Os primeiros três versículos do texto não têm uma vinculação muito estreita com o contexto em que Mateus os coloca, (Lucas situa o ditado num outro contexto – Lc 10, 21-22), e, por isso, “essas coisas” não se refere ao que veio antes no capítulo (a condenação de Corozaim e Betsaida), mas com os “mistérios do Reino”. Estes são revelados aos pequenos e humildes – neste contexto, os discípulos – e escondidos aos que se acham autossuficientes na sua sabedoria e estudo, ou seja, os fariseus e doutores da Lei (cf. Mt 13,11). Essa oração de louvor de Jesus brotou da sua própria experiência na missão. Enquanto a sua pessoa, ensinamento e projeto de vida foram rejeitados pela elite política, econômica e religiosa da época, os pobres e massacrados pelo sistema o acolheram. A autossuficiência da elite impediu que ela pudesse reconhecer a verdade de Jesus. Os pobres, com a sua espiritualidade do Servo de Javé, conseguiram, em grande parte, acolhê-lo, mesmo sem compreender inteiramente a profundeza da sua identidade.

O texto tem ecos da literatura sapiencial e apocalíptica. Dos Sapienciais, podemos ver reflexos de Pr 8, onde a Sabedoria é personificada, de Eclo 51,1-12, 13-30 e de Sb 6-8. Mas também nos faz lembrar textos apocalípticos como Daniel, onde os sábios são incapazes de decifrar o sentido do sonho de Nabucodonosor (Dn 2,3-13), enquanto o humilde Daniel, confiando na revelação divina, louva a Deus por lhe ter dado a sabedoria (Dn 2,23) e revela que se trata do Reino fundado pelo próprio Deus (Dn 2,44). No tempo de Jesus, os sábios também não conseguem decifrar os mistérios do Reino de Deus, um dom que é dado aos humildes. Em Mateus, os pequenos são os discípulos (Mt 10,42) a quem são revelados os mistérios do Reino dos Céus (Mt 13,11).

Os versículos 26-28 são importantes, pois afirmam o relacionamento único entre Jesus e o seu “Abbá”, seu Querido Pai. Aqui, a comunidade mateana expressa a sua fé em Jesus como Filho Absoluto do Pai Absoluto. É uma de três passagens em Mateus nas quais Jesus expressa, de uma maneira indireta, uma relação única com Deus, seu Pai. As outras são Mt 21,37 e 24,36.

A imagem do “jugo” era bastante conhecida já no Antigo Testamento (cf. Jr 2,20; 5,5; Os 10,11). No judaísmo do tempo de Jesus, era usada como imagem da Lei de Deus escrita e oral (cf. Eclo 6,24-30; 51,26s). O termo não tinha necessariamente uma conotação de peso ou opressão quando usado assim. O nosso texto usa a imagem corrente para contrastar a interpretação farisaica da Lei, que oprimia o povo com exigências casuísticas e conceitos que excluíam muitos, e a interpretação de Jesus, que não rejeita a Lei, mas lhe devolve o seu sentido original – uma garantia de manter viva na comunidade o projeto libertador de Javé. O problema não estava na Lei, mas na sua interpretação. Para os doutores, as práticas externas eram tão exigentes que ofuscavam o rosto misericordioso de Deus, tornando a vivência religiosa um pesadelo para muito. A interpretação de Jesus não é “light” – é exigente, pois exige uma vivência de fraternidade, uma luta pela solidariedade e libertação e a rejeição de todo egoísmo e individualismo. No fundo, é mais exigente do que a dos fariseus, pois não se esgota em práticas externas, mas em um processo infinito de doação de si. Garante que este projeto de vida, exigente como é, traga a alegria do Reino de Deus, e que Jesus sempre ensina e aplica com compaixão e misericórdia.

Esses últimos versículos nos levam a rever a nossa pregação, a nossa interpretação da Lei de Deus, a nossa prática pastoral. Pois, ao longo da história, muitas vezes, a pregação nas Igrejas e na catequese tem sido uma séria de legalismos moralizantes, reduzindo o cristianismo a uma prática externa de normas, frequentemente colocando fardos pesados sobre os menos fortes, sem que fosse oferecido para eles qualquer ajuda para carregá-los. Não poucas vezes, o seguimento de Jesus se reduzia ao cumprimento de leis, ou à vivência de uma moral ou ética, sem a revelação do Deus misericordioso e compassivo, o Deus de vida. Jesus nos mostra que, embora a religião exija leis e moral, fundamentalmente é uma mística, uma experiência do amor de Deus que nos convida a assumir o seu jugo como resposta, um jugo que não mata, mas que liberta, que não esconde o rosto de Deus, mas que traz a alegria do Reino! Não é fácil a nossa conversão para que “a nossa justiça seja maior do que a dos fariseus e doutores da Lei” (cf. Mt 5,20).

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