Direitos Humanos

Não às reformas! [Roberto Antonio Deitos]

1. Miúdos vendidos em palácio republicano: a mutilação do povo

“As riquezas dos injustos secar-se-ão como uma torrente, / e farão muito estrondo como um grande trovão quando chove.  Alegrar-se-á, ao abrir as suas mãos; / mas por fim os prevaricadores perecerão”.
(ECLESIÁSTICO 40: 13-14)

Às vezes as miudezas
Das palavras ficam miúdas
Escondem autênticos
Discursos e práticas.

Vozes articuladas
Fragmentos de falas
O conteúdo escondido
Nos atos que calam
Nos mármores
E lustres dos palácios
Exalam os negócios
Da nação vendida
Como miúdos em
Balcão de mercado.

A cada passo
Num compasso
Na espera
Do outro negócio
O povo é vendido
Como palavra escarrada!

Quanto custa o trabalhador?
Dizem sem vírgulas ou interrogações:
Um cuspe escarrado
Nem percebem que demos

Antonio Berni (1906-1981)

Depois dizemos com chiados
Que não é costume fazer isso…
Cuspirmos em nossos jardins
Para os que olham de longe
Dizer que são cuidados
Mas não sabem nada
Dos atos que praticamos
Quando o sol se põe
E as noites alargam o tempo
Dos atos escondidos corrompidos
Em noites palacianas!

2. Não às mãos sujas que sangram o povo!

No canto
Me espanto
Em pranto
Saio choro
Corro
No meio da rua
Na avenida gritos
O povo reclama
Seus governantes
Logram
Lucram
Ludibriam
Lavam
As mãos
Mas mesmo assim
Elas vivem sujas
Do sangue do povo!

Ainda há quem
Acredite que essa gente
Representa os trabalhadores?
Na mão assinam
Na lei assassinam
Sugam o futuro
Fingindo presente limpo
Lamaçal lama escorre!

A barbárie promovida
Em altos escalões republicanos
Cheira forte no centro do poder
Cheira forte odor
Muitos em postos de inquilinos
Só defendem seus próprios interesses
Do dinheiro do poder e sugam
O sangue dos que exploram
Ao povo sobram reformas
Com forte apelo social
Suor sangue lágrimas
Numa mistura insana
Rasgam o futuro
Mas eles querem
Outro futuro que
Não sejam eles próprios
Os beneficiados de si mesmos?

Trabalhadores buscam
As mãos limpas
No caminho poucos
Estendem suas mãos
Poucas abertas
Muitas fechadas
Para não mostrar a sujeira
Que escorre entre os vãos dos dedos?…

3. A moral da mala

Na mala a soma
O valor mesmo
Não estava na mala
Mas no segredo
Da classe que compra
Consciências abatidas
Em parcelas estendidas
Somam milhões
Porque para a classe
Que compra o povo tem preço
Nunca valor!

4. O abuso encontrou seu teto?

São tantos poderes
Poderes podem
Tudo?…

São tantos poderes
Poderes podem
Roubar?…

São tantos poderes
Poderes podem
Mentir?…
São tantos poderes
Poderes podem
Corromper?…

São tantos poderes
Poderes podem
Torturar?…

São tantos poderes
Poderes podem
Sacrificar o povo?…

São tantos poderes
Poderes podem
Zerar o futuro?…

São tantos poderes
Poderes podem
Ultrapassar seu próprio teto?

São tantos poderes
Poderes podem
Fenecer?…

5. Senhores das leis: a justiça não tem classe?…!

O que dizer de uma república decadente
Que tem a classe que domina
Quem trabalha e que ficam apenas com as migalhas?…!

O que dizer de uma república corrompida
Em que os eleitos pelo povo vendem o
Sangue dos trabalhadores como se fossem
Mercadorias descartáveis e
Depois voltam sem vergonha na cara
Para pedir seus votos?…!

O que dizer de uma república injusta
Em que os senhores das leis
Que as vezes não conseguem honrar a ética da justiça
Para proteger os fracos, os miseráveis
E os trabalhadores se obrigam aos ditames de poucos
Defender os ricos, os exploradores e os
Donos do dinheiro e das riquezas
E muitas vezes ficam envergonhados em não poder
Dizer que a justiça não tem classe?…!

6. Cegueira

Sonhos enormes
Com flores
Em jardins
Deixados à história.

Tudo contado
Em linhas menores
Para poupar
Mistificação.

Escândalos lendários
Colocados na mesa
Como prato predileto
À sobremesa da fome.

Passado traçado
Em condições definidas
De servidão e miséria.

Cego processo
Produção destrutiva
Desumanização promovida
De cemitérios construídos
À luz de palácios
Enquanto o trabalhador
Sofre procurando migalhas
Que lhe são negadas
A luz do dia!

7. Manuscritos achados do código da república dos homens desonestos

“O ladrão de galinha, entre os profissionais, é o nome consagrado por um hábito imemorial para designar esses infelizes prestidigitadores que só exercem sua habilidade sobre objetos de pouco valor.” (HONORÉ DE BALZAC, Código dos Homens Honestos, 1825)

8. O poder e a saída?…

Lá máfia, lá máfia
O que sobrou
Do poder republicano?…
Lama de podridão
Escorre nas entranhas
Do planalto…

Vai Janot, Fachin e Cármen Lúcia!
A democracia fragilizada
Rasteja na esplanada
A espera de um ato de vocês
É o que sobrou?…!
Ou?…

Estamos beirando
O caminho do autoritarismo
Ou a coisa muda…
Ou o povo…? o que fará?…
Na luta… na rua… na resistência…
Todos à luta!
Fora Temer! Não às reformas!
Fora todos os ladrões da república!
Eleições diretas já!
Todos à luta!

Fonte: Roberto Antonio Deitos é poeta e professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Publicado pelo Correio da Cidadania, 20/06/2017.

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