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A quem reservamos os primeiros lugares em nossa Igreja? [Itacir Brassiani]

A quem reservamos os primeiros lugares em nossa Igreja? [Itacir Brassiani]
Jesus não desperdiça nenhuma ocasião para ensinar aqueles que o seguem. Ele propõe uma inversão radical na escala dos valores da sociedade e da religião, e não se cala nem mesmo na casa de uma autoridade moral, em pleno jantar festivo para o qual havia sido convidado com especial deferência. Jesus apresenta a lição do evangelho de hoje num solene dia de sábado, na casa de um dos chefes dos fariseus, logo depois de afirmar que as necessidades de uma pessoa estão acima das leis. Vendo que os convidados disputam os primeiros lugares, propõe uma reflexão sobre o orgulho e a humildade.
Como modelo de evangelizador, Jesus não se permite ficar na periferia das coisas. Seu ensino hoje não é sobre as regras de boas maneiras numa refeição solene, mas sobre um princípio fundamental da vida cristã: quem é o maior ou o primeiro, o mais importante ou notável na vida cristã. Jesus começa pela crítica ao orgulho e aos privilégios e passa à questão dos beneficiários da nossa atenção. Ele conhece o costume quase universal de privilegiar, tanto nas festas quanto nas decisões e projetos mais essenciais, os familiares, parentes, amigos e vizinhos. Para Jesus, este é um círculo muito estreito.
Inicialmente, Jesus fala aos hóspedes que estão com ele à mesa, afirmando que “todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”. Depois, dirige-se ao próprio anfitrião que o acolhe festivamente, questionando sua expectativa de retribuição. E deixa muito claro que orgulho e a busca de retribuição não são posturas enraizadas no Evangelho. O cristão deve rejeitar a busca de honras e vaidades e buscar decididamente o lugar reservado aos servidores. Da mesma forma a Igreja: ela precisa superar a velha pratica de servir, apoiar e defender as pessoas e instituições que podem retribui-la.
Prosseguindo, Jesus propõe a inversão dos grupos de pessoas que costumam aparecer no topo das nossas listas de honoráveis, presenças infalíveis nas listas de convidados das festas e solenidades: os pobres, aleijados, coxos e cegos devem ser os primeiros. É claro que aqui ele não quer estragar nossa festa, mas questionar a estreiteza das fronteiras que traçamos entre os ‘nossos’ e os ‘outros’. Jesus coloca em questão a busca de compensações que rege nossas pequenas e grandes ações. A verdadeira felicidade consiste em dar generosamente, sem cobrar dividendos, na terra ou no céu.
O saudoso Dom Helder Câmara ensinou que o maior perigo que nos ameaça é o desejo de sempre vencer e jamais fracassar, de sentir-se sempre querido e nunca sobrar. E chegou a advertir um colega no episcopado: “Mais grave do que ser apanhado pela engrenagem do dinheiro, é ser apanhado pela engrenagem do prestígio”. Na verdade, a busca por privilégios e compensações é tão desgastante como infantilizadora: o caminho que dá acesso a eles geralmente passa pela subserviência e é acompanhado pelo medo do anonimato e pelo apego doentio aos bens e a toda sorte de títulos…
A recompensa para quem segue o caminho de Jesus é prometida para ressurreição dos justos. Em outras palavras: a felicidade que ninguém pode roubar é aquela que conquistamos – ou recebemos de graça! – entrando pela estreita porta da humildade, da generosidade e da solidariedade. É a alegria profunda que experimentamos quando ouvimos da boca dos porta-vozes da vida o convite: “Amigo, vem para um lugar melhor!” Enquanto caminhamos nesta direção, não há honra e alegria maiores que servir, compartilhar sonhos e lutas com aqueles que normalmente são ejetados para os últimos lugares.
Na carta aos Hebreus, a santa Palavra sublinha que, em Jesus e na comunidade daqueles que o seguem, torna-se visível a assembleia dos primogênitos, o verdadeiro povo de Deus, constituído de homens e mulheres que descobriram a grande honra de amar e servir. Esta é a verdadeira cidade de Deus, a manifestação e a morada de Deus no mundo. Fogo, tempestade, trevas, sons de trovões e trombetas são nada diante do sinal grandioso de homens e mulheres mansos e corajosos, humildes e generosos, ternos e fortes, humanos e compassivos. A estes Deus se revela, e no louvor dos seus lábios se alegra.
Oração:
Jesus de Nazaré, servidor humilde, com tolha na cintura e jarra na mão:  queremos seguir teu caminho, acolher tua palavra forte e iluminadora e participar da tua ação libertadora. Tu nos pedes que, na mesa da história e nas mesas da Igreja, reservemos os primeiros lugares aos que são vistos e tratados como últimos. Ajuda-nos a assimilar coerentemente este mandamento para então escutarmos teu convite: “Vem para um lugar melhor!” Concede aos catequistas e a todas as lideranças leigas da nossa Igreja essa impagável alegria. Que todos nós – ministros ordenados, religiosos e religiosas, leigos e leigas – testemunhemos ao mundo a alegria do Evangelho e a santidade da compaixão. Assim seja! Amém!

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