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CEBI-PA: mulheres da casa trapiche celebram a páscoa

CEBI-PA: mulheres da casa trapiche celebram a páscoa

O poema de Cora Coralina serviu de inspiração às dez mulheres na Casa Trapiche que se reuniram para celebração da Páscoa de 2014. As fortes chuvas não permitiram que outras mulheres, moradoras das margens dos canais que se alagaram também participassem (o grupo se compõe de 25 mulheres).

Imbuídas pelas palavras de Cora Coralina e pela narração da “Mulher apontada como adultera” (João 8,1-8), elas celebraram juntas a passagem, deixando atrás medos, condenações e leis discriminatórias. Exercitando o “olhar adiante”, cuidando uma da outra, sustentando-se no caminho que faz ressurgir a nova mulher, partilharam o pão e o vinho ao redor da mesa, repetindo o “fazei isso em memória de mim.”

Na ocasião, o grupo também se preparou para o Curso Bíblico na ótica da Mulher que acontecerá nos dias 18 e 19 de maio. Será a 18ª edição do curso.

Dilma Leão (Texto e Fotografia)

Poesia de Cora Coralina

Mulher da Vida

Mulher da Vida, minha Irmã.
De todos os tempos. De todos os povos. De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades e carrega a carga pesada
dos mais torpes sinônimos, apelidos e apodos:
Mulher da zona, Mulher da rua, Mulher perdida, Mulher à-toa.
Mulher da Vida, minha irmã.
Pisadas, espezinhadas, ameaçadas. Desprotegidas e exploradas.
Ignoradas da Lei, da Justiça e do Direito.
Necessárias fisiologicamente.
Indestrutíveis. Sobreviventes.
Possuídas e infamadas sempre por aqueles que um dia as lançaram na vida.
Marcadas. Contaminadas. Escorchadas. Discriminadas.
Nenhum direito lhes assiste. Nenhum estatuto ou norma as protege.
Sobrevivem como erva cativa dos caminhos, pisadas, maltratadas e renascidas.
Flor sombria, sementeira espinhal gerada nos viveiros da miséria,
da pobreza e do abandono, enraizada em todos os quadrantes da Terra.
Um dia, numa cidade longínqua, essa mulher corria perseguida pelos homens que a tinham maculado.
Aflita, ouvindo o tropel dos perseguidores e o sibilo das pedras,
ela encontrou-se com a Justiça.
A Justiça estendeu sua destra poderosa e lançou o repto milenar:
“Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra”.
As pedras caíram e os cobradores deram s costas.
O Justo falou então a palavra de equidade:
Ninguém te condenou, mulher… nem eu te condeno”.
A Justiça pesou a falta pelo peso do sacrifício e este excedeu àquela.
Vilipendiada, esmagada. Possuída e enxovalhada,
ela é a muralha que há milênios detém as urgências brutais do homem
para que na sociedade possam coexistir a inocência, a castidade e a virtude.
Na fragilidade de sua carne maculada esbarra a exigência impiedosa do macho.
Sem cobertura de leis e sem proteção legal, ela atravessa a vida,
ultrajada e imprescindível, pisoteada, explorada,
nem a sociedade a dispensa nem lhe reconhece direitos nem lhe dá proteção.
E quem já alcançou o ideal dessa mulher,
que um homem a tome pela mão, a levante, e diga: minha companheira.
Mulher da Vida, minha irmã.
No fim dos tempos. No dia da Grande Justiça do Grande Juiz.
Serás remida e lavada de toda condenação.
E o juiz da Grande Justiça a vestirá de branco em novo batismo de purificação.
Limpará as máculas de sua vida humilhada e sacrificada para que a Família Humana possa subsistir sempre, estrutura sólida e indestrutível da sociedade,
de todos os povos, de todos os tempos.
Mulher da Vida, minha irmã.
Declarou-lhe Jesus:
“Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no Reino de Deus”.
(Evangelho de São Mateus 21,31)

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